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Carne de boi e carne vegetal; já começou a briga

Está começando uma nova peleja que certamente vai ser polarizada: carne vegetal ou Proteína Vegetal

Picanha da Marfrig

Não tenho nenhuma dúvida que está nascendo um novo embate, com grandes chances de polarização, entre o setor produtivo da carne bovina e a Plant Based que consiste na dieta com alimentos a base de plantas.

O crescimento desse segmento é vertiginoso e merece apoio e respeito como qualquer produto de qualidade que chega ao mercado, seja ele alimentício ou de utilidade pública em geral.

Alguns duelos particulares aparecem na disputa pelas prateleiras dos supermercados e buscando escantear aqueles que não são adeptos do dito mercado do futuro e que preferem continuar se alimentando de produtos de origem animal.

O mercado é livre mas tornam-se necessários o respeito no marketing, publicidade e comercialização. Existe espaço para todos, esqueçam o lacre! Eu sempre digo: em briga de cachorros grandes, sempre sai mordido o vira-latas.

Já que estamos vendo uma investida democrática contra a proteína (carne) animal, é bom lembrar que a proteína (carne?) vegetal passa por vários processamentos. Portanto, é interessante ler sua composição e origem com muito cuidado! Geralmente, possuem adição de açúcar, sal, aditivos químicos e sintetizados para conservação e sabor, totalmente ao contrário da carne in natura.

Todos nós sempre procuramos produtos de qualidade dentro do alcance de cada um. Mesmo com pouca grana todos buscam o melhor para o seu consumo. A sociedade gosta de esclarecimentos e não de “empurroterapia”

O comportamento do mercado que aparece em velocidade e muitas vezes qualificado, não pode querer desqualificar o que o povo já consumia desde o período antes de Cristo: os produtos de origem animal que alimentaram e fortaleceram bilhões e bilhões de pessoas nos trazem ao ano 2022, cada vez mais com inteligência, saúde e cada vez mais longevos.

Abrindo parênteses, não consigo compreender como as pessoas criticam tanto o momento em que vivemos com uma correria diária, competitividade no trabalho, pouco relacionamento social...

Será que existe uma receita definida para mudar esse panorama? Palpite só não vale por que ouço vários todos os dias. Diga algo mais palpável!

Algumas coisas podemos melhorar sim! Só relembro que o homem nunca viveu tanto e com tanta qualidade de vida, como agora, em comparação aos nossos antepassados. Nostalgia é bacana mas precisa ter limites reais!

Voltando a carne e a proteína vegetal, tenho acompanhado a distância os movimentos do setor produtivo da proteína animal junto ao Ministério da Agricultura, órgão que democraticamente também mostra suas divergências internas. O setor produtivo entende que CARNE são os músculos que compõem parte dos corpos animais,e, que não pode ser confundida com proteína vegetal. O tronco de uma árvore ou as folhas não têm carne!

Já grande parte dos produtores veganos denominam a proteína vegetal como carne vegana, queijo vegano, ovo vegano e por aí vai...

Só não compreendo porque não dar a denominação correta se o produto que está chegando é para combater a carne, tão mal falada por alguns, “veneno” para o coração e proteína que ajuda na produção de gases de efeito estufa. Então por que ligar o produto que chega, como a grande salvação, ao nome de outro que só nos traz prejuízos sanitários? No mercado inteligente é o marketing da burrice! Senão, querem pegar carona no produto dos mais conhecidos e consumidos no mundo.

O Ministério da Agricultura está elaborando um Plano Nacional de Base de Planta, mas dentro do próprio ministério há divergências técnicas quanto aos nomes a serem rotuladas nos produtos. Alguns técnicos defendem o uso livre dos nomes para não impedir o interesse de novos investidores.

O Ministro Marcos Montes não é favorável ao uso de carne, leite, queijo e ovo, como exemplos, em produtos de origem vegetal. As posições diferentes em vários setores impediram a tramitação da proposta de regulamentação do mercado de produtos Plant Based no Brasil.

Marcos Montes já solicitou aos ministérios da Saúde e da Justiça a “urgente restrição dos rótulos e marcas comerciais que usam indevidamente o nome dos produtos tradicionais de origem animal em produtos de origem vegetal”. Segundo o ministro, “ esses rótulos induzem o consumidor ao erro”.

No mercado inteligente copiar um nome que não convém ao meio ambiente para certificar um produto do bem que está chegando, é no mínimo o marketing da burrice! Ou então, estão fingindo de bobos para pegar um dos nomes mais conhecidos e consumidos no mundo.

Alguém já viu no mercado automobilístico, como exemplo, a Mercedes criticar a BMW, a Ferrari falar mal da Porsche, a Fiat desmerecer a Chevrolet? Você já viu a Pepsi tentar usar o nome da Coca? Todos estão muito bem no mercado mundial. Sem plágio!

Atenção!

França proíbe usar nomes das proteínas animais em produtos veganos que são de origem vegetal.

Na primeira semana de julho/22 o governo francês proibiu a comercialização de “carne” a base de plantas com nomes de bifes, bacon ou salsichas e outros. A exceção, por enquanto, é o hambúrguer.

A França é o primeiro país europeu a tomar essa decisão. O decreto diz em resumo que “associar carne e peixe para designar produtos que não pertencem ao grupo animal, na essência, são incomparáveis.

Essa decisão específica é da França. Os outros países da comunidade europeia já proíbem o uso de manteiga, leite, queijo e outros lácteos nos produtos de origem vegetal.

Vamos aguardar os capítulos dessa novela brasileira. Com certeza, agora, teremos apoio dos europeus, não é verdade?

Produtor rural no município de Bambuí, em Minas Gerais, foi repórter esportivo por 18 anos na Itatiaia e, por 17 anos, atuou como Diretor de Comunicação e Gerente de Futebol no Cruzeiro Esporte Clube. Escreve diariamente sobre agronegócio e economia no campo.