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Europa se rende ao milho brasileiro

Uma semana após o Parlamento Europeu colocar regras rígidas para importar alimentos, eis que o milho brasileiro embarca toneladas para o Velho Continente

Milho brasileiro tem alta demanda na Europa

Não existe dor maior que a barriguinha roncando enquanto o alimento não chega à mesa. A pessoa faz coisas impossíveis e quem governa se desespera vislumbrando a reação de um povo.

Passada exatamente uma semana após a reunião do Parlamento Europeu que colocou mais normas rígidas para importação de alimentos e produtos industrializados, jogando indiretas ao Brasil muitas vezes pelo presidente da França, Emanuel Macron, navios e mais navios embarcam para Europa levando milho brasileiro.

As fortes secas explodindo os termômetros europeus destruíram em boa parte da Europa plantações de soja, milho, trigo, beterraba e outros. Países asiáticos, latino-americanos e América do Norte também sofreram com o calor e o desequilíbrio das chuvas. A França ainda não conseguiu se curar dos incêndios que se alastraram pelo país a fora. Lá, eles não apontam o culpado.

Com o milho europeu indicando uma das maiores quebras de safra dos últimos 10 anos, a exportação para a União Europeia acumulou 80% de aumento de janeiro até agosto. E os embarques continuam porque há um temor com uma possível decisão da Rússia em bloquear o canal de exportação pela Ucrânia que também não colheu tanto milho assim!

Aqui no Brasil houve novo recorde na produção do milho e esse aumento gigantesco vai colocando a cada dia o primeiro mundo mais preocupado com a dependência da safra brasileira também da soja, borracha, café, e carnes bovina, suína e de aves, além de frutas, suco de laranja e muito mais...

Porque será que a União Europeia está tão preocupada somente com o Brasil nesse momento? É só aqui que produz em alta escala? E a China, Índia, Indonésia, Argentina, e muitos outros países. Só que os canhões europeus se viraram contra o Brasil!

Coincidentemente, na semana passada o The New York Times divulgou uma grande e detalhada matéria sobre o momento atual do desmatamento na Europa. Aqui no Brasil essa notícia pouco repercutiu, teve pouco interesse.

Lembro-me que em julho e dezembro de 2019 e maio de 2020, grandes matérias sobre o desmatamento da Amazônia foram divulgadas e vi grande repercussão. E algumas críticas e alertas mereciam divulgação, sim! Agora a Europa, pelo menos no Brasil, quase não foi criticada.

A Europa desmata para garantir energia por causa do racionamento do gás russo. O The New York Times relata desmatamento Finlandia, Hungria e Estônia lideram o desmatamento e queimadas, não só pelo pouco gás, mas já vem de algum tempo.

No final de junho uma delegação de lideranças indígenas brasileiros foi a França e a Bélgica para se encontrar com parlamentares europeus e denunciar desmatamento no Brasil. Os índios debateram também uma proposta para proibir a compra de produtos do agro brasileiro produzido em áreas de desmatamento. Não vi noticias se eles voltaram ou continuam por lá na luta contra o desmatamento europeu.

Nota 1 - Ministério da Agricultura aprova o uso do SORO DO LEITE na composição do Cream Cheese, aquele queijo cremoso que compramos nos supermercados.

Nota 2 - O aumento no custo da produção de suínos, 1,18%, não deve afetar o preço da carne que tem sido a primeira opção do consumidor.

Quando o percentual é menor o mercado varejista tende a sustentar os preços para não armazenar as carnes na geladeira.

Produtor rural no município de Bambuí, em Minas Gerais, foi repórter esportivo por 18 anos na Itatiaia e, por 17 anos, atuou como Diretor de Comunicação e Gerente de Futebol no Cruzeiro Esporte Clube. Escreve diariamente sobre agronegócio e economia no campo.