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Tarifas dos EUA e responsabilidade social

Um golpe nos mais pobres do Brasil

Um golpe nos mais pobres do Brasil

Nunca se fez tão fundamental, o cumprimento das promessas de cuidado e responsabilidade feitas durante a campanha do atual governo, para com os mais carentes. A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras a partir de 1º de agosto de 2025, coloca a economia brasileira em alerta, com impactos diretos e severos sobre a população de baixa renda. A medida, que afeta setores cruciais como agricultura e indústria, pode agravar a desigualdade social, enquanto a resposta diplomática insuficiente do governo brasileiro deixa os mais vulneráveis ainda mais desprotegidos. Para milhões de trabalhadores e famílias que vivem com o mínimo, o aumento dos custos de vida e a perda de empregos são ameaças iminentes.

O Brasil depende fortemente do mercado americano para exportar produtos como café, suco de laranja, carne bovina e açúcar. Em 2024, as exportações para os EUA somaram cerca de US$ 40 bilhões, com o café (8 milhões de sacas anuais) e o suco de laranja (80% do comércio global) sendo destaques. A tarifa de 50% encarecerá esses produtos, reduzindo a competitividade brasileira e, consequentemente, a demanda. Isso ameaça diretamente os trabalhadores rurais e industriais, que estão entre os mais pobres do país.

A redução das exportações pode levar a demissões em massa, cortes salariais e aumento da informalidade. No interior de São Paulo, onde a produção de suco de laranja é concentrada, pequenos agricultores e trabalhadores sazonais enfrentam o risco de perder sua fonte de renda. Além disso, a desvalorização do real, que caiu mais de 2% após o anúncio, encarece produtos importados como trigo e medicamentos, itens essenciais para as famílias de baixa renda, que gastam a maior parte de sua renda com alimentação e saúde.

O aumento dos preços de alimentos e bens básicos, impulsionado pela disruptura nas cadeias de suprimento, será sentido diretamente pelas comunidades mais pobres. Para essas famílias, que já lutam para sobreviver, qualquer alta no custo de vida significa escolhas difíceis: menos comida na mesa, menos acesso a medicamentos ou até mesmo a perda de moradia.

O povo carente ‘não vive de ideologia’

A promessa do governo brasileiro de retaliar com tarifas equivalentes, sob a Lei de Reciprocidade Econômica, não vai beneficiar ninguém e como sempre, quem vai “pagar a conta” é a sociedade civil. A ausência de uma diplomacia proativa, capaz de buscar acordos que protejam os interesses econômicos do país, deixa a população desamparada

A falta de uma estratégia clara para mitigar os impactos da tarifa reflete uma desconexão entre as decisões de política externa e as necessidades da população mais vulnerável. Sem ações concretas, o Brasil corre o risco de ver sua desigualdade social, já uma das maiores do mundo, se agravar ainda mais.

O povo mais carente não “vive de ideologias”, vive do agro, da indústria, do empreendedorismo, da economia criativa, dentre outros segmentos que serão extremamente afetados por essa nova tarifa. Outro ponto importante é como o terceiro setor será também afetado, pois, empresas com dificuldades financeiras, em sua maior parte, diminuem ou cortam seus investimentos em projetos sociais.

É urgente que o Brasil negocie acordos comerciais que priorizem o bem-estar da população. A dignidade e a sobrevivência dos mais pobres não podem ser sacrificadas em nome de disputas internacionais.

Bruna Braga é jornalista, consultora em RSC e fundadora da Terceirolhar

A opinião deste artigo é do articulista e não reflete, necessariamente, a posição da Itatiaia.