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Caso Daniel Alves não pode ser mais um

Torceremos para que, quem sabe, ele seja o último

Torceremos para que seja o último

O caso do lateral-direito Daniel Alves, que está preso na Espanha desde a última semana, acusado de agressão sexual, tem levantado alguns debates importantes, em especial sobre a impunidade no futebol.

E aqui vou me recordar de um outro caso: do atacante Robinho, que foi condenado em última instância na Itália, acusado de estupro contra uma jovem albanesa.

Robinho, segundo notícias recentes, tem o desejo de voltar a jogar futebol. Ele teria recebido, inclusive, propostas de dois clubes brasileiros. Porém, neste momento teria entendido que não é a melhor hora para voltar aos campos, já que a repercussão negativa do caso de Daniel Alves, em um suposto crime semelhante, poderia influenciar a opinião pública sobre o retorno dele ao futebol.

E aí fiquei pensando. Até que ponto um jogador brasileiro, famoso, mundialmente reconhecido, se sente acima da lei pra ter coragem de cometer um crime tão cruel? No caso de Robinho, já sentenciado. No caso de Daniel Alves, ainda em investigação.

Daniel Alves é acusado de ter cometido a suposta agressão sexual dentro do banheiro de uma boate. Vale destacar, um espaço público. Isso mostra o quanto um jogador de futebol muitas vezes se sente acima da lei. Como se os títulos, as glórias, o dinheiro, a fama, lhe dessem o direito de cometer qualquer ato, contra qualquer pessoa.

O Goleiro Bruno, condenado como mandante do assassinato da sua ex-amante, voltou aos campos e atua normalmente, como se nada houvesse acontecido.

Diante de todos esses casos e de tantas outras denúncias, acredito ser necessário repensarmos a maneira como tratamos o jogador no futebol brasileiro.

E, principalmente, como nós suportamos tamanha permissividade dentro do futebol, como se vivêssemos em um mundo alheio à sociedade. Como se os atos cometidos por um jogador fora do campo não importassem dentro das quatro linhas.

Também espero que o caso do lateral-direito Daniel Alves, que está sendo tratado com muita seriedade na Espanha, sirva de exemplo aqui no Brasil, especialmente pelo cuidado e a responsabilidade com que estão lidando com o depoimento da vítima - que até agora recebeu muita credibilidade, além das provas contundentes que foram apresentadas.

Que lá, ou em qualquer outro lugar do mundo, a versão da vítima seja sempre a mais importante.

Nós continuaremos aqui vigilantes, acompanhando todos os passos desse caso e de qualquer outro que envolva um jogador de futebol. Afinal, o futebol é um instrumento que faz parte da sociedade. Não um mundo separado, em que não há lei, não há regras, e que tudo pode ser feito sem nenhum tipo de punição.

O caso Daniel Alves não pode ser somente mais um. Torceremos para que, quem sabe, seja o último.

Nathália Fiuza é comentarista da Rádio Itatiaia e escreve diariamente aqui.