A recente Copa do Mundo do Catar encantou a todos com o futebol apresentado por diversas seleções e apresentou uma rapidez e precisão nas decisões da arbitragem que chamaram a atenção. O que também foi destaque foi a tecnologia implantada pela FIFA no sistema de árbitro de vídeo (VAR), algo muito diferente do que estamos acostumados no Brasil.
Diante disso, me peguei imaginando: e se na história dos Mundiais existisse o VAR? Já pensou sobre isso?
Imaginei como ficariam alguns erros históricos se o árbitro de vídeo existisse naquela oportunidade, deixando claro que, obviamente, esse tipo de tecnologia não existia nos períodos analisados. Portanto, é algo hipotético.
Com essa licença atemporal, vamos viajar pelos erros históricos das Copas.
Na campanha do Brasil no bicampeonato mundial, na Copa 1962, disputada no Chile, na partida entre nossa seleção e a Espanha, a “Enciclopédia” Nilton Santos derrubou o jogador Enrique Collar dentro da área. Malandramente, deu dois passos para fora da área e conseguiu enganar o árbitro Sergio Bustamante, que, ao invés de pênalti, assinalou falta. Com o árbitro de vídeo, esse lance seria revisado e o pênalti marcado para os espanhóis.
Outro erro aconteceu no único título mundial da Inglaterra. A partida final estava na prorrogação contra a Alemanha, quando o inglês Geoffrey Hurst chutou, a bola bateu no travessão, quicou na linha e foi cortada por um zagueiro alemão. Após consultar o seu auxiliar, o árbitro assinalou gol para os ingleses. Com a nova tecnologia de chip na bola e câmeras específicas, esse gol poderia ser anulado.
O Brasil de 1982 é considerado por todos (inclusive por mim) como a maior seleção de todos os tempos, e na derrota para a Itália, que ficou conhecida como a “Tragédia do Sarriá", o meia Zico foi puxado dentro da área por Gentile, tendo sua camisa rasgada, mas o árbitro ignorou os seus protestos. Na ocasião, os italianos venceram por 3 a 2 e eliminaram o Brasil. O árbitro de vídeo teria flagrado a infração.
Quatro anos depois do pênalti não marcado em cima de Zico, o Brasil venceu na estreia de um Mundial com erro de arbitragem. Na Copa do México, o meia espanhol Michel arriscou um chute de fora da área, a bola tocou o travessão, entrando no gol. O árbitro não viu que a bola havia passado da linha e mandou o jogo seguir. O Brasil venceu a partida por 1 a 0, gol de Sócrates, também contestado pelos espanhóis, que alegaram impedimento. A nova tecnologia teria alertado a arbitragem sobre esses erros.
Ao longo do tempo, as Copas registraram outros erros que poderiam ser corrigidos com a tecnologia.
E talvez a maior infração de todos os tempos , “La mano de Dios” ou “A mão de Deus”, seria corrigida. O gol de munheca de Diego Maradona nas quartas de final da Copa do México, em 1986, na vitória por 2 a 1 contra a Inglaterra.
Quero ressaltar aqui um contraponto.
Mesmo com toda a tecnologia a disposição, erros acontecem. O Mundial do Catar, por exemplo, apresentou um erro maiúsculo na derrota do Uruguai para Portugal. O primeiro gol português saiu num pênalti inexistente, num erro que a própria FIFA reconheceu.
Por que isso aconteceu? Porque toda tecnologia depende do fator imprevisível chamado fator humano. No entanto, isso não tira a importância e relevância do árbitro de vídeo, que corrigiu e teria corrigido muitos erros.
Mesmo assim, volto aos erros de mundiais passado e me pergunto: e se existisse o VAR?