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Novas centralidades

A importância da descentralização, ou, a criação de novos centros para Belo Horizonte

Nos últimos dias, o Jornal da Itatiaia tratou de um assunto que considero extremamente importante para evitar que a vida na cidade - já difícil – se torne insuportável. É a descentralização, ou, a criação de novos centros para Belo Horizonte. Existem muitas definições, mas eu gosto desta: “São espaços multifuncionais e autossuficientes que estão localizados em diferentes pontos da cidade e que buscam equilibrar a distribuição de equipamentos, emprego, moradia e reduzir custos de deslocamento”.

Quando menino, não sabia que mesmo tendo apenas uma rua, a pequena Inácia de Carvalho tinha três centralidades: o campo de futebol, o bar do Dico e o bar do Antenor... Eram lugares nos quais as pessoas se reuniam, faziam negócios, fofocavam, arranjavam emprego, enfim, se confraternizavam, dentro do sentido mais completo da sociabilidade.

Já atuando no jornalismo, gostava de ver o burburinho da Padre Pedro Pinto, em Venda Nova; da Sinfrônio Brochado, no Barreiro, e da Cristiano Machado, na Cidade Nova. Eram as três centralidades de Belo Horizonte, além do centro histórico da capital. Veio o BH, o primeiro shopping, nos anos 70 e começou a decadência da Savassi, que ousava ser o lado chique da área central. Mas, diante da verdade que insistimos em negar, de que estes centros de compras inibem a presença de públicos que não combinam com suas lojas, outros conjuntos de lojas foram abertos em regiões mais periféricas, caso do Minas na Cidade Nova e do Del Rey na Carlos Luz.

Foi questão de tempo e vieram outros, especialmente em regiões mais populosas como Barreiro e Venda Nova.

Naturalmente, as pessoas escolheram e fizeram seus espaços de convivência, como a Avenida Fleming, no Ouro Preto, e a Avenida Alberto Cintra, na Cidade Nova. Mas, sem dúvida, se quisermos apontar um bairro que mais e mais tem vida própria o melhor exemplo hoje é o Castelo. As pessoas têm tudo o que é comum, como padaria e farmácia, mais equipamentos antes restritos ao centro, como bons restaurantes, bares com música ao vivo, academias, escolas de inglês e muito mais.

Se você pode ser feliz sem ter de ir ao centro histórico, você poupa energia, ganha tempo, evita estresse, faz economia e ajuda a cidade, diminuindo a poluição que seu carro pode causar ou evita a superlotação dos ônibus já em situação caótica. É bom para todo mundo... Ah, lembrando que na convivência com seu entorno, sua vizinhança, a chance de levar um quilo de carne ou um litro de leite no dia que não tiver dinheiro é bem maior que na sua relação com um supermercado.

Antes de trabalhar no rádio, Eduardo Costa foi ascensorista e office-boy de hotel, contínuo, escriturário, caixa-executivo e procurador de banco. Formado em Jornalismo pelo UNI-BH, é pós-graduado em Valores Humanos pela Fundação Getúlio Vargas, possui o MBA Executivo na Ohio University, e é mestre em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Agora ele também está na grande rede!
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