A posse do novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, foi recheada de constrangimentos e recados, como era previsto. No entanto, também teve surpresas.
Surpresas
Uma dessas surpresas foi o cumprimento do Ministro da Economia, Paulo Guedes, à ex-presidente Dilma Rousseff. O homem de confiança do presidente Jair Bolsonaro foi até a petista, na primeira fila, estendeu a mão e, com sorriso no rosto, trocou algumas palavras com a ex-presidente. Dilma se sentou perto do ex-presidente Lula que, por sua vez, sentou ao lado do ex-presidente Michel Temer (MDB), que assumiu o poder quando Dilma sofreu o impeachment e que se voltou contra ela no meio do mandato. A ex-presidente também conversou, por alguns minutos, com a conterrânea, ministra do STF, Carmén Lúcia.
À vontade
O ex-presidente Lula, que chegou acompanhado da ex-presidente Dilma, cumprimentou diversas autoridades e deu beijo na cabeça do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Sepúlveda Pertence, que foi advogado do petista. Por falar em advogado, Cristiano Zanin, defensor de Lula, também estava na cerimônia, assim como o ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Convite x Posse
O clima leve do dia em que o convite foi feito, pessoalmente, pelo ministro Alexandre de Moraes para que Bolsonaro fosse à posse, não foi o que imperou após o início do discurso do novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral.
Recados
Ao dizer que “liberdade de expressão não é liberdade de agressão” e que o Brasil é a única democracia do mundo que apura o resultado das eleições, no mesmo dia, “com agilidade, segurança, competência e transparência”, o que é “motivo de orgulho nacional”, Moraes foi aplaudido de pé pela maioria, mas não por Bolsonaro, que ao final do discurso do novo presidente também não bateu palmas e nem levantou. Ciente de que o clima do convite foi inversamente proporcional ao recado dado na cerimônia, Bolsonaro não fez questão de esconder a insatisfação e ficou o discurso todo sem cara de “bons amigos”.
Moraes também chamou a ditadura de “período nefasto”, exaltou o respeito às instituições, disse que a justiça eleitoral não vai permitir fakenews e nem discurso de ódio escondido no anonimato da internet. O novo presidente da corte eleitoral também reforçou que a lei não permite discurso antidemocrático, que vise o rompimento institucional.
Presenças
Estavam presentes o ex-presidente Lula, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o ex-presidente Michel Temer (MDB), o ex-presidente José Sarney (MDB), 50 embaixadores, 22 governadores (incluindo Romeu Zema) e três prefeitos, dentre eles o de BH, Fuad Noman (PSD).
Bolsonaro levou o filho Carlos Bolsonaro, responsável pela articulação nas redes sociais. O presidente não circulou pela cerimônia, antes do início, como os demais convidados. Ele compôs a mesa, com o presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP), o presidente do Congresso Rodrigo Pacheco (PSD) e o presidente do STF, Luiz Fux, além do ex-presidente do TSE, Edson Fachin, com quem não trocou palavras em público, antes do início da solenidade.
Simbolismos
Dos integrantes da mesa, Bolsonaro foi o único que ouviu o hino nacional com a mão no peito. Embora a postura padrão seja às mãos estendidas rente ao corpo, a mão junto ao peito é considerada um sinal de patriotismo. A imagem já está sendo usada por apoiadores do presidente, como o ministro Mário Frias, que é candidato a deputado federal.