O novo tarifaço de Donald Trump é uma vingança ao posicionamento da última Cúpula do Brics? Essa é uma das perguntas mais recorrentes da semana. E a resposta é sim. De certa forma, a declaração final do bloco, que se reuniu no Rio de Janeiro no último domingo (6) e segunda (7), irritou o presidente americano. Apesar de Trump e os Estados Unidos não terem sido citados nominalmente, ao condenar o unilateralismo o grupo se referia diretamente ao tarifaço imposto peloamericano assim que assumiu o poder, no início do ano.
A Cúpula e a reação de Trump
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - que preside o Brics neste ano - em seus discursos da Cúpula, além de defender o multilateralismo, pregou, por várias vezes, a necessidade de adoção de moedas alternativas ao dólar em relações comerciais que não envolvem os Estados Unidos. E a possibilidade de um enfraquecimento da moeda mais forte do mundo irritou profudamente Donald Trump. De pronto, na última segunda-feira (7), o Republicano ameaçou uma taxação adicional de 10% aos países que se alinhassem à política do Brics, classificado por ele como anti-americana.
Trump e o Brasil
O fato de Lula protagonizar esse debate deixou Trump ainda mais incomodado. E, nesta quarta-feira (9), O americano decidiu impor tarifa de 50% aos produtos brasileiros, adotando o estilo de tentar “cortar o mal pela raiz”. A medida deixou o mercado agitado e pode afetar vários setores do poder produtivo brasileiro que exportam para os Estados Unidos, como os produtores de mineiro e café.
Trump e Bolsonaro
Entre os objetivos de Trump, que vão além do protecionismo, está confrontar a política internacional de Lula com setores da indústria brasileira. Aliado à defesa de Bolsonaro, que o presidente americano explicitou também logo depois da cúpula, Trump mira no enfraquencimento político de Lula. O petista reage dizendo que os Estados Unidos estão desrespeitando a soberania brasileira e que as articulações da família Bolsonaro está gerando uma supertaxação que prejudica o Brasil.
Os próximos dias vão dizer se a medida de Trumo deteriora a situação política de Lula ou se é um tiro no próprio pé.