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Reconhecer o erro no novo Raposão pode ser passo para SAF reaproximar da torcida

Mascote apresentado pelo marketing cruzeirense desagradou maioria absoluta dos torcedores

Novos mascotes foram apresentados pelo Cruzeiro nesta quinta-feira

A repaginação do Raposão escancara duas realidades: a falta de respeito do Cruzeiro SAF à cultura, tradição do clube e como o futebol é um terreno fértil para a homofobia.

A segunda percepção não é novidade e toda e qualquer possibilidade que um clube dá para ter sua marca ou ação associada à homossexualidade é aproveitada pelos rivais que enchem as redes sociais de preconceito.

Isso é naturalizado num esporte em que o racismo é combatido, mas a homofobia tratada como parte integrante, como se fosse uma licença poética, embora no fundo os dois sejam preconceitos e lamentáveis.

Mas no caso do Raposão, o que preocupa é o fato de quem comanda o Cruzeiro mais uma vez deixar a cultura do clube de lado e agir sem parecer ter o torcedor como o cliente principal.

Vou nem falar de paixão, pois no profissionalismo da SAF cruzeirense isso parece ser palavra proibida. Em certo ponto até concordo, mas quando se trata de um símbolo tão importante o torcedor precisa participar do processo.

O Raposão nasceu no maior ano da história cruzeirense, o da Tríplice Coroa, em 2003. E desde então virou uma marca celeste.

Não vou nem fazer análise estética, pois estou longe de ser comentarista de mascote, embora tenha achado o bicho de gosto duvidoso. Mas o torcedor tinha que participar deste processo.

O interessante é que na apresentação do novo Raposão foram mostradas todas as mascotes desde 2003 e a alteração de uma para a outra é mínima. É cara de uma, focinho da outra, como diz o ditado.

Aí vem alguém ou um grupo reduzido e faz uma mudança radical em algo que é marca cruzeirense há duas décadas.

Eu não consigo acreditar que alguém que conheça a história cruzeirense não tenha sentido pelo menos dúvida em relação à mascote.

Só minimiza a importância do Raposão para o cruzeirense quem não conhece o que ele representa nesses 20 anos de vida.

E não dar ao torcedor a chance de aprovar ou não a nova mascote é minimizar um dos símbolos celestes. Uma bola totalmente fora que pode ser aproveitada como uma forma de reaproximação do torcedor, que anda preocupado com o péssimo desempenho do time na temporada até agora e sofrendo com o afastamento do Mineirão.

Errar faz parte do processo. E no caso do Raposão, reconhecer o erro pode ser um passo importante para o Cruzeiro SAF buscar para o seu lado quem bancou o clube e jogou pelo time em 2022, a torcida cruzeirense.

Alexandre Simões é coordenador do Departamento de Esportes da Itatiaia e uma enciclopédia viva do futebol brasileiro