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O gol é muito importante no futebol e nos grandes jogos em 2023 o Cruzeiro os ‘entregou’ aos adversários

Raposa investiu forte no seu sistema ofensivo, mas não teve mesma postura na formação da sua defesa

Atacante Gilberto teve atuação discreta no clássico com o América

Nada é mais importante no jogo de futebol do que o gol. Isso é óbvio. Mas a análise do clássico entre Cruzeiro e América é mais uma prova da força da bola na rede numa partida, ainda mais quando ela é decisiva.

O vencedor Vagner Mancini destacou a importância do gol de Aloísio, num momento em que o Cruzeiro pressionava o seu time e tinha o dobro de posse de bola, para a condição da sua estratégia. E o lance nasceu de uma assistência do volante Juninho, sozinho, dentro da área celeste, servindo ao atacante com um toque de cabeça.

Depois, o mesmo treinador americano falou sobre o início de segundo tempo complicado, com o rival mais uma vez partindo para a pressão, até que Juninho apareceu novamente livre para empurrar a bola para a rede de Rafael Cabral.

Depois desses 2 a 0 americanos, o pênalti marcado e desmarcado, numa cena lamentável na Arena do Jacaré, poderia ser o gol que recolocaria o Cruzeiro no jogo. Mas o impedimento de Bruno Rodrigues anulou a penalidade marcada.

Ronaldo foi um dos maiores centroavantes do futebol mundial e sabe não só da importância do gol, como também da dificuldade que é alcançá-lo em grandes jogos, nos momentos decisivos.

E este é o problema do Cruzeiro de Ronaldo, comandado por Paulo Pezzolano e montado pelos gestores do Fenômeno. É um time que sofre gol com muita facilidade.

E nos clássicos por este Campeonato Mineiro isso ficou evidente. América e Cruzeiro faziam um confronto equilibrado no Mané Garrincha, na fase classificatória, até que o Coelho fez o seu gol num lance em que o zagueiro Lucas Oliveira, o melhor da posição no ano passado e que faz um 2023 ruim, falhou, permitindo a Henrique Almeida lhe aplicar ainda um drible para chutar, com Rafael Cabral deixando a bola passar por baixo do seu corpo.

Contra o Atlético, no Independência, a Raposa fez sua melhor partida no ano, equilibrou um confronto contra o adversário mais forte que enfrentou e vencia, até Hulk cobrar uma falta da lateral, Rafael Cabral, mal posicionado não conseguir chegar na bola, e o rival empatar.

No primeiro clássico semifinal, na Arena do Jacaré, o Cruzeiro não deixou de criar. Teve até bola no travessão. Mas o gol não é fácil de ser alcançado, mas o time de Pezzolano está permitindo que ele seja para seus adversários.

E isso acontece principalmente porque o nível técnico do sistema defensivo é baixo. Time na situação do Cruzeiro precisa começar a ser montado de trás para a frente. O investimento da Raposa foi forte no setor ofensivo, e quase ninguém ainda correspondeu. A defesa tem sérias limitações.

Os clássicos foram os jogos do Cruzeiro contra equipes de Série A, que ele volta a jogar depois de três temporadas. E deixaram lições evidentes. O que compromete o time de Pezzolano é uma defesa frágil, num processo em que se pode somar a estrutura de jogo do treinador à baixa qualidade da maioria dos defensores, pelo menos para confrontos de alto nível.

Sem a correção dessa rota, será dura a volta cruzeirense à Série A do Campeonato Brasileiro.

Alexandre Simões é coordenador do Departamento de Esportes da Itatiaia e uma enciclopédia viva do futebol brasileiro