Ouvindo...

Ser mãe: Uma Escolha. Nunca uma imposição

Ser mãe exige presença, entrega, escuta, estudo e amor. Exige também energia, paciência, resiliência

Neste mês das Mães, escolhi refletir sobre a maternidade — sem romantização, sem idealizações. Este artigo é para todas as mulheres, mães ou não, solteiras, casadas, solo, adotivas, atípicas, que quiseram, que perderam, que não puderam, todas as mulheres.

Como tantas decisões importantes na vida, a maternidade precisa ser pensada com cuidado. Porque, sim, ela transforma — e muito — a vida de uma mulher.

Ser mãe não deveria ser consequência de um casamento, da chegada dos 30 anos, ou de um roteiro social que insiste em dizer que mulher precisa ser mãe.

Leia também

Definitivamente, não.

Ser mãe exige presença, entrega, escuta, estudo e amor. Exige também energia, paciência, resiliência.

Cansa. Frustra. Assusta. Dá trabalho.

Mas também revela partes de nós que nem sabíamos que existiam.

Ser mãe é um processo de redescoberta, com o nascimento de um filho, nasce também uma nova versão de nós mesmas. Uma nova forma de pensar, de sentir, de existir.

Não há controle, há quem tenha descontrole.

Principalmente quando falta apoio. Quando o parceiro se ausenta. Quando a rede que deveria acolher não existe. Dá para enlouquecer. E muito.

O corpo muda, a rotina desaparece, o bebê exige o tempo todo. Nunca romantizei a maternidade. Ela suga nossa energia: emocional, física, mental.

Aquele pequeno ser que passa a viver do lado de fora toma também todos os espaços aqui dentro.

E se falarmos da maternidade atípica, aí a intensidade dobra: há angústias, incertezas, buscas, muita luta — mas esse é assunto para outro momento.

Sempre fui do tipo que gosta de planejar, controlar, antecipar.

Meus filhos foram desejados, sonhados, esperados. A maternidade foi uma escolha consciente. Quis viver essa experiência — e foi, sem dúvida, a mais revolucionária da minha vida.

Estudei e ainda estudo para ser mãe. Muito. Li diversos livros, como: “Encantadora de bebês, Crianças francesas não fazem manha, Disciplina Positiva, Educação compassiva de Marshall Rosenberg, e muitos outros.

Mas a verdade? Nenhum livro dá conta da realidade.

A maternidade escapa das páginas. Ela é viva, imprevisível.

Não se controla o incontrolável. A gente não conhece o bebê que chega. E isso exige entrega.

A única certeza é que seremos responsáveis por ele. E isso, por si só, já deveria ser suficiente para repensar o peso da decisão de ser mãe.

Educar e cuidar é o mínimo.

No meu caso, o amor não chegou na hora.

Não fui daquelas que se derrete pela barriga ou diz amar antes do nascimento. O amor por meus filhos veio aos poucos. E ainda vem.

Quando meu primeiro filho nasceu, nasceu também uma nova Ingrid. Meus sonhos mudaram. Meus planos mudaram. Tudo mudou.

A gente faz o melhor que pode. Mas os filhos têm personalidade e buscam caminhos próprios. E tudo bem se forem diferentes dos nossos sonhos.

Nosso papel como pais é ser pista de pouso e decolagem. Ser bússola. Ser abrigo.

Ensinar limites, frustrar, ensinar a plantar para colher no futuro, enfrentar desafios e também acolher as tristezas, aceitar quem eles são.

E amar. Amar sem esperar nada em troca. Um amor que cuida e sustenta.

Quer ser mãe? Que seja pelo desejo. Não pela pressão.

Escolha, viva cada momento que é único — e descubra um universo de emoções que só essa experiência pode trazer.

Bem-vinda ao time!

E você, como vive ou enxerga a maternidade? Foi uma escolha, um chamado, uma surpresa — ou talvez uma decisão de não seguir por esse caminho?
Cada história importa. Cada experiência tem valor. Compartilhe a sua. Quero muito te ouvir.
Me chame no Instagram: @ingridhaas_
Sua história pode inspirar ou acolher outras mulheres.

Sou Ingrid Haas, Palestrante, Escritora e PhD em Direito. Professora na USP, autora de diversos livros. Facilitadora de Comunicação Integrativa e Não Violenta, Diversidade, Inclusão e Gestão de Conflitos.

Ajudo empresas, equipes e pessoas a enfrentar os desafios de comunicação em ambientes diversos e multiculturais. Sou Formada em Letras e Direito, com Mestrado e Doutorado em Direito.

A opinião deste artigo é do articulista e não reflete, necessariamente, a posição da Itatiaia.