O pão francês, um dos itens mais presentes na mesa do brasileiro, está pesando cada vez mais no bolso do consumidor. Em Belo Horizonte, a variação no preço pode chegar a quase 80%, segundo levantamento do site Mercado Mineiro.
Diante dessa diferença, muitos clientes já se acostumaram a pesquisar antes de comprar. A aposentada Dora Monteiro, por exemplo, conta que varia o local de compra de acordo com a região em que está.
“Revezando mesmo. De acordo com o lugar, eu pago e compro pão. Teve um tempo que subiu bastante, mas agora está mantendo. Quando aumenta, eu troco de padaria ou até de tipo de pão. Às vezes, no supermercado, costuma ser um pouco mais barato que na padaria. Mas não tem muito para onde correr”, disse.
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O nutricionista Túlio Neves também prefere pesquisar. Ele observa diferenças significativas de preço entre padarias e supermercados. “Algumas padarias chegam a cobrar R$ 2 a R$ 3 a mais no quilo. Por isso, às vezes, eu faço pão em casa, numa máquina doméstica. Sai bem mais em conta”, explicou.
Segundo Vinícius Dantas, presidente da Associação Mineira da Indústria de Panificação (AMP), o trigo responde por cerca de 30% do custo de produção, mas não é o único fator que influencia no preço final. A boa safra no Brasil e na Argentina ajudou a conter aumentos recentes do grão, mas outros elementos pesam no orçamento das padarias.
“O terceiro maior gasto de uma padaria é com energia elétrica. Uma de pequeno porte pode pagar cerca de R$ 20 mil por mês, o que representa reajustes de até R$ 1,4 mil com a tarifa vermelha. Além disso, temos custos com vale-transporte, salários de funcionários e retenção de mão de obra, que também impactam”, explicou.
O dirigente ainda aponta preocupação com a alta de insumos como o óleo de soja e de algodão, além de possíveis efeitos de tarifas internacionais no setor. “Nosso maior receio é a perda de poder de compra do cliente. Isso certamente vai afetar o mercado”, concluiu.