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PM suspeito de atropelar, matar e chutar corpo de morador de rua seguirá preso

Cabo da PM estava embriagado, não prestou socorro e foi para balada logo após cometer o crime, na Grande BH

Momento em que cabo da PM abre a porta para descer do carro e ir até o corpo

O cabo da Polícia Militar (PM) suspeito de atropelar e matar um morador de rua, não prestar socorro e ainda chutar o corpo, na madrugada do último domingo (14), em Contagem, na Grande BH, seguirá preso por tempo indeterminado. A vítima não teve sua identidade revelada. A prisão em flagrante do agente foi convertida em preventiva durante audiência de custódia, realizada nesta terça-feira (16).

A juíza Cristiane Soares de Brito apontou, em sua decisão, que a “gravidade concreta da conduta do autuado, que, mesmo na condição de policial militar, ingeriu bebida alcoólica, conduziu veículo automotor em tais condições, atropelou a vítima, levando-a ao óbito, e evadiu do local sem prestar socorro” tornou a conversão da prisão em flagrante em preventiva imprescindível.

Segundo a decisão, o fato do suspeito ser um policial militar “acentua a reprovabilidade da conduta e justifica maior rigor na análise da necessidade da prisão preventiva, uma vez que a Constituição Federal, em seu artigo 144, atribui às forças policiais a missão de preservar a ordem pública e a incolumidade das pessoas”.

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“Assim, daquele que exerce a função pública de agente da lei se espera conduta compatível com o dever legal e ético de proteção à sociedade. Ao agir em flagrante descompasso com tais deveres, o autuado demonstra periculosidade acentuada e risco concreto à ordem pública”, determinou.

Além disso, foi definido na audiência que o fato do policial ser réu primário, sem antecedentes, não é suficiente para evitar a prisão preventiva.

“A dinâmica dos fatos, marcada pela fuga do local do atropelamento sem prestar socorro e pela posterior localização do autuado em uma boate (local para o qual, segundo os autos, dirigiu-se imediatamente após a ocorrência), e com indícios de embriaguez, evidencia não somente uma completa indiferença em relação à conduta praticada e às consequências dela advindas, caracterizadas por uma notória gravidade, mas também denota a ausência de senso de responsabilidade e risco real de reiteração delitiva, incompatíveis com a sua soltura”, apontou a juíza.

O crime

Imagens de circuito de segurança flagraram o momento em que um morador de rua foi atropelado e morto por um policial militar, de 33 anos, em Contagem, na Grande BH, na madrugada do último domingo (14). O suspeito, um cabo PMMG, apresentava sinais de embriaguez.

Imagens de circuito de segurança registraram o momento em que o motorista desce de um Honda Civic branco, na rua Barcelona, bairro Santa Cruz, e se aproxima da vítima caída no chão. Em seguida, ele chuta o homem, retorna ao carro e foge.

Quando os militares chegaram, encontraram o corpo com diversos ferimentos.

Veja o vídeo do atropelamento:

Mais tarde, os policiais localizaram o veículo envolvido no atropelamento estacionado em uma praça. O condutor foi identificado como cabo da PM lotado no 18º Batalhão.

Ele foi encontrado em uma boate próxima, na avenida Londres, também em Contagem.

Segundo a Polícia Civil, o militar se recusou a fazer o teste do bafômetro. Ele afirmou que havia ingerido bebida alcoólica na tarde anterior, mas disse não se lembrar de ter atropelado ninguém.

Corregedoria acompanha o caso

De acordo com a corporação, a Corregedoria acompanha o caso. Em nota, a PM informou que adotou as providências cabíveis, como preservação do local, acionamento do Corpo de Bombeiros, SAMU e perícia, além de realizar rastreamento para localizar o veículo envolvido.

“Após diligências, o suspeito, policial militar de folga e à paisana, foi localizado e conduzido à Polícia Judiciária, por se tratar de crime comum e não militar”, afirmou a corporação.

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) disse que o suspeito teve a prisão em flagrante ratificada pelos crimes de embriaguez ao volante, homicídio culposo e omissão de socorro.

O corpo da vítima foi encaminhado ao Instituto Médico-legal Dr. André Roquette para ser submetido a exames de necropsia e identificação.

Repórter policial e investigativo, apresentador do Itatiaia Patrulha.
Maic Costa é jornalista, formado pela UFOP em 2019 e um filho do interior de Minas Gerais. Atuou em diversos veículos, especialmente nas editorias de cidades e esportes, mas com trabalhos também em política, alimentação, cultura e entretenimento. Agraciado com o Prêmio Amagis de Jornalismo, em 2022. Atualmente é repórter de cidades na Itatiaia.
Formado em jornalismo pela PUC Minas, foi produtor do Itatiaia Patrulha e hoje é repórter policial e de cidades na Itatiaia. Também passou pelo caderno de política e economia do Jornal Estado de Minas.
Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.