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Ouvidoria do Sindppen-MG apura assassinato de policial penal dentro de hospital, em Belo Horizonte

Presidente do sindicato disse que Presídio Inspetor Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, na Grande BH, está superlotado

Euler Oliveira foi morto por bandido dentro de hospital

O presidente do Sindicato dos Policiais Penais de Minas Gerais (Sindppen-MG), Jean Otoni, disse em entrevista à Itatiaia nesta segunda-feira (4) que a Ouvidoria da entidade apura o assassinato do policial penal Euler Oliveira Pereira Rocha, de 42 anos.

Euler Oliveira foi assassinado dentro do Hospital Luxemburgo, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, na madrugada do último domingo (3), por Shaylon Cristian Ferreira Moreira, de 24.

Otoni falou ainda que o Presídio Inspetor Martinho Drumond, no bairro Santa Paula, em Ribeirão das Neves, na Grande BH, onde Shaylon está preso, passa por superlotação.

“A cela que cabe oito presos tem 28. Desse jeito é díficil manter a ordem e a paz”.

O presidente contou que se um detento for espancado em um ambiente como esse é difícil para que o grupamento de policiais penais faça o socorro.

Otoni falou que há presos que dormem no chão, porque todas as camas estão ocupadas e que até no sanitário, chamado de “boi”, há detentos dormindo.

“Hoje há um déficit de 26 mil vagas no sistema prisional”, destacou Otoni.

Velório e enterro

O velório e o enterro do policial penal Euler Oliveira Pereira Rocha assassinado por Shaylon Cristian Ferreira Moreira, durante uma escolta, foi manhã desta segunda-feira (4) no cemitério da Paróquia Nossa Senhora da Piedade, no Centro de Justinópolis, em Ribeirão das Neves, na Grande BH.

Euler Oliveira foi assassinado de maneira covarde dentro do Hospital Luxemburgo, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, na madrugada deste domingo (3).

Segundo Jean Otoni, o agente acompanhava o preso, que já estava internado havia três dias. “Por volta das 2h40, o detento pediu para ir ao banheiro. Lá, entrou em luta corporal com o policial penal e conseguiu tomar as duas armas que estavam com ele”, contou.

O detento atirou duas vezes contra o agente: uma vez na nuca e outra no tórax. “Os enfermeiros foram chamados, mas, ao chegarem, o próprio preso já havia vestido a farda do policial penal e disse que a situação estava controlada. Por isso, nem os enfermeiros nem a segurança do hospital entraram no quarto imediatamente”, relatou. O criminoso saiu pela porta da frente, entrou em um carro de aplicativo, mas acabou preso pela Polícia Militar (PM) nas imediações.

Três investigações independentes foram abertas para apurar os detalhes da morte de Euler Oliveira. Procuradas pela Itatiaia, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), a Corregedoria da Polícia Penal e a Polícia Civil confirmaram a instauração de inquéritos para investigar o caso.

Euler fez uma postagem nas redes sociais horas antes de morrer. No vídeo, ao qual a Itatiaia teve acesso, o agente aparece parando o carro no estacionamento do hospital Luxemburgo. “E o plantão vai seguindo seu curso. Daqui a pouco acaba”, escreveu na legenda.

“Vim pegar o carro para aguardar no estacionamento do hospital, porque é mais seguro. É isso mesmo. Os caras deram uma força aqui, falaram que eu podia guardar aqui. É nóis. Então, vamos lá, pôr pra quebrar. Maravilha”, comemorou.

O preso

Após matar o policial penal e fugir pela porta da frente do hospital, Shaylon foi preso rapidamente por militares do Tático Móvel do 22º BPM.
Segundo a Sejusp, Shaylon foi admitido na Penitenciária José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, no dia 14 de julho. Ele possui passagens pelo sistema desde 2018, respondendo a diversos inquéritos por crimes como tráfico de drogas, furto, posse ilegal de arma de fogo e homicídio.

Polícia Civil

Em nota, a Polícia Civil confirmou que Shaylon teve a prisão confirmada. Veja a íntegra:

Em relação ao homicídio registrado na madrugada deste domingo (3/8), no bairro Luxemburgo, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que a perícia oficial compareceu ao local dos fatos para identificar e coletar vestígios. O corpo da vítima, um agente de segurança pública de 42 anos, foi encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML) para a realização dos exames. O suspeito, um homem de 24 anos, foi detido por policiais militares e será ouvido por meio da 2ª Central Estadual do Plantão Digital, onde serão adotadas as providências cabíveis.

A PCMG ratificou a prisão em flagrante do suspeito por homicídio qualificado. Após os procedimentos, ele foi encaminhado ao sistema prisional, onde permanecerá à disposição da Justiça. Outras informações serão repassadas ao término dos trabalhos de polícia judiciária.

Confira a nota na íntegra da Sejusp

A Sejusp informa que instaurou um procedimento interno para apurar administrativamente o episódio que ocorreu na madrugada deste domingo (3/8), no Hospital Luxemburgo, em Belo Horizonte.

Um preso de 24 anos, que estava internado para tratamento médico desde o dia 27/7, entrou em luta corporal com um dos policiais penais da escolta, tomou a arma e atirou contra o servidor. O policial penal foi imediatamente socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. O preso conseguiu fugir, mas foi capturado em seguida pela Polícia Militar. As investigações criminais estão sob responsabilidade da Polícia Civil. O detento havia sido admitido na Penitenciária José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, no dia 14/7, e possui passagens pelo sistema prisional desde 2018, respondendo a diversos inquéritos por crimes como tráfico de drogas, furto, posse ilegal de arma de fogo e homicídio.

A Sejusp lamenta a morte do servidor e se solidariza com familiares, amigos e colegas do policial penal.

Confira a nota na íntegra do Hospital Luxemburgo

O Hospital Luxemburgo informa que, na madrugada do dia 03 de agosto de 2025, foi registrado um lamentável incidente nas dependências da unidade envolvendo um paciente sob custódia e um agente público de segurança.

O paciente em questão foi internado para tratamento médico pelo Sistema Único de Saúde (SUS), encaminhado pela Secretaria Municipal de Saúde. Como hospital credenciado ao SUS, o Hospital Luxemburgo tem o dever de receber e tratar todos os pacientes encaminhados via regulação, inclusive aqueles em situação de custódia. Nestes casos, a responsabilidade pelo controle e escolta é de competência da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (SEJUSP), por meio da Polícia Penal de Minas Gerais.

A instituição reforça que nenhum civil ingressou armado nas dependências do hospital e que seguimos, rigorosamente, todos os protocolos internos de segurança. A ocorrência teve início durante o turno de escolta de um agente de segurança pública que, de acordo com a nota divulgada pela SEJUSP, foi vítima de disparos efetuados com a própria arma de fogo, subtraída pelo paciente no interior do quarto onde se encontrava internado.

Tão logo a situação foi identificada, a equipe assistencial acionou o protocolo de emergência com Código Azul, prestando imediato atendimento e todos os esforços de reanimação à vítima. Paralelamente, as forças de segurança foram acionadas, e a instituição colaborou integralmente com os órgãos competentes. Desde o ocorrido, a equipe multiprofissional da unidade está prestando acolhimento e suporte emocional aos colaboradores envolvidos direta ou indiretamente na ocorrência.

O Hospital Luxemburgo lamenta profundamente o falecimento do agente penal e se solidariza com seus familiares, colegas e amigos. A unidade reforça que permanece colaborando com as autoridades competentes para contribuir com as investigações em curso.

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Alex Araújo é formado em Jornalismo e Relações Públicas pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH) e tem pós-graduação em Comunicação e Gestão Empresarial pela Universidade Pontifícia Católica de Minas Gerais (PUC Minas). Já trabalhou em agência de publicidade, assessoria de imprensa, universidade, jornal Hoje em Dia e portal G1, onde permaneceu por quase 15 anos.