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Cinemas de rua de BH acabaram? City tour percorre antigos endereços para resgatar histórias

Caminhada pelo Centro estreia neste sábado (2) e convida moradores a conhecer histórias escondidas atrás de fachadas que marcaram a vida cultural da cidade

Foto mostra o antigo Cine Odeon, na Rua da Bahia, que hoje virou uma agência bancária

Você lembra onde viu seu primeiro filme no cinema? Neste sábado (4), o projeto Rebobina estreia com uma caminhada nostálgica pelo Centro de Belo Horizonte, visitando prédios que já receberam filas, pipoca e sessões inesquecíveis. A proposta é que os belo-horizontinos possam relembrar histórias vividas sob as grandes telas — ou ouvi-las pela primeira vez.

A iniciativa é uma parceria entre o empreendedor de turismo e cofundador do Ruas de BH, Lúcio Fonseca, e o projeto BH a Pé, de Rafael Sette. Criado em 2020 pelos jornalistas Rafael e Luísa Dalcin, o BH a Pé promove passeios a pé que revelam histórias e personagens da cidade.

Os roteiros vão de caminhadas literárias (como Páginas Viradas e Hilda Furacão) a experiências sobre lendas urbanas, futebol mineiro e gastronomia nos mercados da cidade.

“A gente já faz essas caminhadas culturais há cinco anos. A ideia do Rebobina BH surgiu em parceria com o Ruas de BH, a partir de conversas sobre cinema. O cinema é muito mais do que um ponto esquecido na paisagem; fez parte da história das pessoas. Muita gente viu o primeiro filme em um cinema de rua, começou um namoro, deu o primeiro beijo, assistiu a produções que marcaram a vida. Os cinemas moldaram a história da cidade”, disse Rafael Sette.

O cinema como palco da história da cidade

Os cinemas também marcaram a história cultural da cidade. Um exemplo é o Clube da Esquina, que teve um de seus momentos fundadores após uma sessão no antigo Cinejax (Cine Tupis), onde hoje fica o Shopping Cidade.

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Com a popularização dos shoppings nos anos 1990, os cinemas de rua começaram a desaparecer. Muitos prédios foram demolidos ou ganharam novos usos: o Cine Caiçara virou igreja; o Pathé, estacionamento.

“É bom saber que esses há prédios permanecem, ainda que apenas como estrutura. Quem sabe alguns não voltem a ter funções culturais, como aconteceu com o Cine Santa Tereza (Região Leste)? É sempre uma oportunidade de sonhar.”

Apesar disso, Rafael destaca as estruturas que ainda permanecem de pé e ajudam a preservar a memória física da cidade — como o Cine Theatro Brasil Vallourec, que ficou completamente lotado na estreia do filme O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho, no início do mês — e a resistência do Cine Belas Artes, como exemplos de ressignificação e continuidade.

Uma experiência com sabor de memória

A caminhada é planejada para grupos de 15 a 20 pessoas e deve se repetir a cada dois meses. Além da visita aos antigos endereços, inclui uma “pipoca mineira” — com couve e torresmo — e termina de forma emblemática no Café Palhares, tradicional ponto de encontro de cinéfilos da cidade.

“Durante muitos anos, quem saía do Cine Brasil, do Caiçara ou do Arte Palácio ia para o Palhares, que funcionava 24 horas. Às vezes, o público ficava ali até de madrugada, esperando o ônibus ou o bonde para voltar para casa. Por isso, o passeio também termina nesse lugar clássico”, conta Rafael.

O encerramento tem chope ou bebida não alcoólica e porções do café.

Serviço

Rebobina BH – Caminhada pelos cinemas de rua

  • Data: sábado, 4 de outubro
  • Horário: das 9h às 13h
  • Incluso: pipoca, comida e bebida no Café Palhares
  • Valor: R$ 119
  • Reservas: Sympla ou pelos perfis do BH a Pé e do Ruas de BH
Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.