Um desentendimento no trânsito que terminou em tragédia levou Hericke Ferraz Martins a julgamento no Tribunal do Júri, no bairro Barro Preto, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, nesta quarta-feira (24).
Ele é acusado de matar Emerson Pereira Barbosa com um tiro no rosto, após uma “fechada” e uma ofensa verbal. O Ministério Público (MPMG) o denunciou por homicídio qualificado, alegando motivo fútil e uso de recurso que teria impedido a defesa da vítima.
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De acordo com a denúncia do MPMG, o caso ocorreu em 2 de outubro de 2016, na Rua Canoas, na Região Oeste. Hericke teria saído da garagem de um condomínio com um Honda Civic e quase atingiu o carro de Emerson, que dirigia um Palio Weekend. Irritado, o motorista reclamou da manobra.
A promotoria aponta que o acusado passou a provocar a vítima, dirigindo devagar para impedir a ultrapassagem. Quando Emerson conseguiu passar, Hericke teria feito o disparo. O carro da vítima bateu em um muro e ele morreu na hora.
Injustiça
O sentimento de injustiça é marcado pelo fato de o acusado nunca ter sido preso nos nove anos desde o crime. “Não ficou preso nenhum dia e tá aí hoje para ser julgado. Quero que ele pague pelo que fez, porque tirou um pai de família, um cara trabalhador”, disse a companheira da vítima, que preferiu não se identificar.
Ela também relatou o impacto do crime na vida do filho do casal, que tinha apenas dois anos na época.
“Ele fala que recorda de algumas coisas, comenta algumas coisas... e tem vezes que sofre muito na escola, com o aprendizado”, acrescentou.
Réu disse que foi coagido
Em depoimento, ele negou o crime e afirmou ter sido coagido. “Falar com a senhora bem sinceridade: no dia que eu fui prestar depoimento, a Polícia Civil me coagiu. Eu estava sem advogado. Me pressionaram a falar que era eu que tinha matado”, afirmou.
Ele também disse lamentar a dor da família, mas negou qualquer envolvimento:
“Eu fico triste pelo que aconteceu com a família da vítima, mas realmente não tenho nada a ver com isso. Estou sendo crucificado, pagando por uma coisa que não fiz. Nunca vi eles, não conhecia, não sei quem são”.
Até a publicação desta matéria, o julgamento ainda estava em andamento e não havia sentença.