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Homem que matou esposa com golpes de facão no meio da rua em BH irá a júri popular

Marcus Vinícius Lopes estuprava as próprias filhas, torturava as cianças e assassinava animais para beber seu sangue

Marcus Vinícius Lopes estuprava as próprias filhas, torturava as cianças e assassinava animais

Marcus Vinícius Lopes, de 30 anos, que matou sua esposa, a diarista Katy Emanuela da Costa, de 37 anos, com dezenas de golpes de facão, no meio da rua e em plena luz do dia, no bairro São Marcos, Região Nordeste de Belo Horizonte, no dia 12 de dezembro de 2024, irá a júri popular. A decisão foi publicada na segunda-feira (15), pela juíza Ana Carolina Rauen Lopes de Souza.

O homem, que tinha comportamento violento e não poderia se aproximar da mulher por uma medida protetiva, foi até a casa onde morou com a vítima e iniciou agressões, esfaqueando-a na frentes dos filhos, segundo ele, por ciúmes.

Katy conseguiu sair de casa, porém caiu em frente ao portão. Neste momento, Marcus desferiu diversos golpes de faca contra ela. Um filho do casal de 13 anos, também foi esfaqueado ao tentar defender a mãe.

Populares até tentaram intervir e socorrer a mulher, mãe de oito filhos (2, 5, 6, 8, 12, 13, 16, 18 anos), sendo sete deles — todos os menores de idade — do autor, porém não tiveram sucesso. Lopes tentou fugir, mas foi preso no dia do crime. A ação foi registrada por populares.

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O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) ofereceu denúncia contra Marcus pelo crime de feminicídio, com diversos agravantes, sendo eles:

  • sendo a vítima mãe ou responsável por criança e adolescente;
  • na presença física de descendente da vítima;
  • em descumprimento das medidas protetivas de urgência;
  • mediante meio cruel;
  • valendo-se de recurso que dificultou a defesa da vítima.

Além disso, o homem também foi denunciado por tentativa de homicídio contra seu filho de 13 anos, com os seguintes agravantes:

  • mediante meio cruel;
  • valendo-se de recurso que dificultou a defesa da vítima.

Além disso, foi indeferido o requerimento da defesa de Marcus Vinícius de instauração de incidente de insanidade mental.

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O crime

A investigação também mostrou que o crime aconteceu após Marcus tentar impedir que as crianças fossem a escola. A delegada Iara França contou que ele passou a noite anterior consumindo drogas e bebida alcoólica e, quando chegou em casa, viu Katy arrumando os filhos para ir para a escola. Marcus ficou irritado e tentou impedir que as crianças saíssem de casa, mas foi ignorado pela companheira.

Irritado por ter sido contrariado, ele pegou um facão e atacou a mulher. Ela saiu para fora de casa para pedir ajuda e continuou sendo agredida. Quando ela parecia estar morta, Marcus voltou para dentro de casa, mas ouviu os vizinhos dizendo que ela estava viva. Então, ele voltou para a rua e deu mais golpes de facão em Katy, que morreu na hora.

O homem, por sua vez, alegou que, ao pegar o telefone de Katy, viu imagens que “demonstravam suposta traição”. Assim, começou a discussão entre o casal e logo ele começou a agredir a vítima fisicamente.

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Marcus Vinícius estuprava filhas e torturava crianças e animais

De acordo com a delegada Iara França, responsável pela investigação, Marcus tem 47 registros policiais, é investigado por estuprar duas filhas, de 7 e 9 anos, e por crimes ambientais. As investigações mostraram que ele cortava o pescoço de galinhas, cães e gatos e bebia o sangue dos animais na frente dos filhos, todos menores de idade.

O corpo de um cão em decomposição foi encontrado no quintal da casa, que, segundo a delegada, era um ambiente “extremamente insalubre”. As crianças também eram vítimas de abusos e maus-tratos.

“As crianças não comiam porque o pai determinava que só ele podia ser alimentado. Ele obrigava a esposa a cozinhar só pra ele e mantinha as crianças em situação de quase inanição. As crianças são muito tristes. Relatos da diretora e professoras da escola diziam que as crianças tinham uma tristeza profunda. O suspeito falava abertamente que iria estuprar todas as filhas. Ele tinha prazer em torturar as crianças psicologicamente, dizendo que iria estuprá-las”, conta Iara.

Para a delegada Iara França, Marcus não gostava de deixar as crianças irem para a escola com medo das marcas dos abusos e agressões ficarem evidentes.

Histórico de violência

Katy já havia se separado de Marcus Vinícius e, inclusive, tinha medida protetiva contra ele. Contudo, o ex-companheiro insistia em se aproximar da mulher, que já convivia com o medo.

Uma testemunha relatou que a vítima já era vítima de violência doméstica. Ela disse que Marcus tinha ciúmes de qualquer pessoa que Katy interagisse. Ainda conforme relatos no documento da Justiça, Ele não estava mais morando com Katy, mas que ia diariamente ao local.

Ela ainda disse que ele ficava a madrugada inteira fazendo o uso de bebidas alcoólicas. Segundo testemunha, em um dos episódios, disse que “estupraria todas as meninas”. Depois disso, uma das filhas foi levada para a casa de uma amiga da mãe.

Também há registros de que, enquanto ele estava preso por outro crime, conseguiu um celular de onde mandava ameaças a Katy. “Justiça? Ai o que aconteceu comigo... nada! Aí, to solto!”, teria dito Marcus logo após o feminicídio.

Auotr bebia sangue de animais

O irmão mais velho contou à reportagem que já presenciou a morte de animais, como galinhas, praticada por Marcus Vinícius. “Já vi pegando o bicho e bebendo o sangue deles no meio da rua. Não sei te explicar se é porque era doido ou se é devido à alguma religião”, contou Willian Victor, enteado do homem, que havia deixado de morar no local por conta de problemas com ele.

“Ele estava fazendo gracinha querendo um motivo para caçar tumulto. Ela estava insegura, queria sair daqui, mas temia pela vida dos meninos”, disse o jovem.

Willian relatou que mãe trabalhava como diarista e era responsável pelo sustento de toda a família. “Minha mãe sempre teve que dar conta de tudo. Ele nunca fez nada… Se não estava dormindo, estava usando drogas ou bebendo sangue”, lembrou.

‘Traços de psicopatia’, diz delegada

A delegada Iara França afirmou, no último mês de março, que o homem possui traços de psicopatia.

“Ele é uma pessoa extremamente perigosa, que impõe medo a todos os vizinhos. Todo mundo na região tem medo dele. A gente pede pela prisão cautelar dele porque ele não tem condição de conviver em sociedade. Também apresentamos ao poder judiciário uma análise médica porque acreditamos que ele tem traços de psicopatia”, disse.

Repórter policial e investigativo, apresentador do Itatiaia Patrulha.
Maic Costa é jornalista, formado pela UFOP em 2019 e um filho do interior de Minas Gerais. Atuou em diversos veículos, especialmente nas editorias de cidades e esportes, mas com trabalhos também em política, alimentação, cultura e entretenimento. Agraciado com o Prêmio Amagis de Jornalismo, em 2022. Atualmente é repórter de cidades na Itatiaia.
Formado em jornalismo pela PUC Minas, foi produtor do Itatiaia Patrulha e hoje é repórter policial e de cidades na Itatiaia. Também passou pelo caderno de política e economia do Jornal Estado de Minas.
Jornalista formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Na Itatiaia, escreve para Cidades, Brasil e Mundo. Apaixonado por boas histórias e música brasileira.
Jornalista formado em Comunicação Social pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH). Na Itatiaia desde 2008, é “cria” da rádio, onde começou como estagiário. É especialista na cobertura de jornalismo policial e também assuntos factuais. Também participou de coberturas especiais em BH, Minas Gerais e outros estados. Além de repórter, é também apresentador do programa Itatiaia Patrulha na ausência do titular e amigo, Renato Rios Neto.
Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.
Fernanda Rodrigues é repórter da Itatiaia. Graduada em Jornalismo e Relações Internacionais, cobre principalmente Brasil e Mundo.