Familiares de Nayara Cristina de Lana Gonçalves, de 35 anos, denunciam que ela foi vítima de violência e descaso na penitenciária feminina de Vespasiano, na Grande BH, onde foi encontrada morta no último sábado (9). Conforme parentes, o corpo de Nayara apresentava hematomas nos braços e na testa. A suspeita é de que ela tenha sido agredida. Além disso, a família relata que Nayara tinha problemas de coração, precisava tomar medicação, mas não foi autorizada a entregar os remédios para ela.
A reportagem conversou com uma das filhas de Nayara, que não será identificada. “Minha mãe tinha problema no coração, tinha diabetes tipo 1, precisava da insulina e tinha tireoide. A gente pedia para mandar (os medicamentos), mas eles não aceitavam. A gente pediu duas vezes e eles não aceitaram”, denuncia a filha.
Estupro de vulnerável
Nayara foi presa no dia 2 deste mês por suspeita de estupro de vulnerável em 2023. Ela e o companheiro foram denunciados por abusar de duas menores de idade que moravam com o casal. No entanto, parentes de Nayara afirmam que a acusação, feita pela mãe das meninas, é falsa.
“Eles não fizeram nada. Eles ajudavam ela. Quem abusou foi o avô, quando elas tinham dez anos. Minha mãe e meu padrasto não tinham feito nada com elas. Eles mais ajudavam, porque a mãe delas, desculpa falar, era drogada”, completou.
A filha não descarta que a suposta violência sofrida pela mãe na cadeia tenha relação com o caso de 2023. “Pode ter sido por isso”, disse.
Sejusp
Em nota, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) informou ter adotado “todas as providências administrativas relativas ao óbito da detenta”.
“Nesse sábado (9), policiais penais foram acionadas por colegas de cela de Nayara, que estava passando mal. A detenta foi rapidamente retirada do local, conduzida à enfermaria e, posteriormente, encaminhada à unidade de pronto atendimento da rede pública local”, informa trecho da nota.
Sobre os medicamentos, a Sejusp confirma que Nayara fazia uso de insulina e outros medicamentos conforme receituário, sendo acompanhada pelo setor de saúde da unidade prisional.
“Nayara foi admitida no Presídio de Vespasiano no dia 2/8/2025 e não possuía passagens anteriores pelo sistema prisional. A direção da unidade instaurou um procedimento interno para apurar administrativamente as circunstâncias do ocorrido. As investigações no âmbito criminal são de responsabilidade da Polícia Civil”, concluiu.