Os amantes de chorinho e quem sempre topa um ‘after’ na noite de BH conhece muito bem. Mesmo quem não é da balada pode ter passado na avenida do Contorno, esquina com rua Niquelina, e visto a calçada super cheia no fim das sextas-feiras, em frente a um belo casarão de estilo tradicional na capital mineira.
O bar Avenidinha se tornou um ponto icônico da noite de BH, e os frequentadores foram pegos de surpresa pelas portas fechadas no início de junho. Dias depois, veio o anúncio nas redes sociais: o bar está à venda. Sem muitas explicações, não faltaram especulações sobre o motivo dessa decisão.
Antes de entender o que aconteceu, é preciso voltar a 2019, quando o Avenidinha foi fundado por Núbia Graciele Novaes Reis, de 38 anos, e seu marido, na avenida Alphonsus de Guimarães, 349, no bairro Pompeia, também na região Leste de BH.
“Entrei na gastronomia e me deu vontade de montar alguma coisa. Logo de cara, já começou sendo muito legal, ficou muito cheio”, relembra. Inicialmente com 80 m², o sucesso foi tanto que o casal alugou a loja ao lado e dobrou o espaço. “Lá, a gente já tinha roda de choro todas as sextas-feiras. Era o carro-chefe da casa.”
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Mas com o tempo os desafios apareceram: falta de espaço coberto, aumento do aluguel durante a pandemia da Covid-19 e reclamações de vizinhos devido ao barulho. Por isso, em abril de 2023, o Avenidinha se mudou para a avenida do Contorno, número 3.379, na altura do bairro Santa Efigênia. Lá, o público se multiplicou.
Os negócios caminhavam bem, e no fim do ano passado Núbia descobriu um tumor no ovário. A cirurgia, realizada em fevereiro deste ano, a afastou da administração do bar. Seu pai, Hely, de 64 anos, assumiu o balcão, mas a rotina ficou difícil. “Meu pai é idoso, a galera toda conhece ele, mas sozinho ele não dá conta”, disse. O outro sócio do bar, segundo Núbia, estava envolvido em outros projetos.
“Para quem frequenta o estabelecimento, pode parecer fácil, pois a pessoa vê o local aberto das 19h às 2h e pensa que o trabalho se resume àquele momento. Mas, para quem administra, a realidade é diferente: o telefone toca o tempo todo, desde a hora que acorda até a madrugada”, acrescentou.
Mudança para o interior
“Eu precisei recalcular minha rota”, afirmou. Depois de muito pensar, Núbia e o marido decidiram se mudar para o interior, em Pindaíbas, no Alto Paranaíba. “Assim que os meus filhos concluírem o ano letivo, vamos para lá", disse. A venda do Avenidinha foi, então, a solução encontrada por ela. “É o nome e a empresa que estão à venda, porque o imóvel é alugado”, explicou.
O desejo de Núbia é que alguém continue essa história. “Quando eu abri, a minha ideia era mexer com a memória afetiva das pessoas — trazer uma casa de vó, uma comidinha de vó, música boa, um estilo mais retrô, sabe? E o desejo que eu tenho, do fundo do meu coração, é que esse sonho não morra.”
Núbia também agradeceu aos clientes, que se tornaram amigos: “O Avenidinha foi um sonho muito grande. Tão grande que a gente não consegue mais abraçar. Foi maravilhoso vivenciar tudo o que vivemos ali. Tivemos o privilégio de trabalhar nos divertindo, ouvindo música boa, conhecendo gente bacana. Fizemos mais do que clientes, conquistamos amigos. Foi grandioso, impactante, desafiador.”
Sobre o valor, Núbia prefere não divulgar. Diz que é negociável e os interessados podem entrar em contato por WhatsApp para marcar visitas. “Apesar do interesse do público e das pessoas que já procuraram, a venda ainda não foi concretizada”, informou. Para mais informações, entre em contato com: (31) 99542-4651.