Foi ouvido, na tarde desta quarta-feira (20), no Fórum Lafayette, no bairro Barro Preto, região Centro-Sul de Belo Horizonte, Raul Rodrigues Costa Lages, acusado de matar a namorada, a advogada Carolina da Cunha Pereira França Magalhães, de 40 anos, em um prédio no bairro São Bento, também na região Centro-Sul de BH, em outubro de 2022.
Na ocasião, Carolina caiu da altura do 8º andar do edifício, e o caso inicialmente foi tratado como autoextermínio.
Porém, a família da vítima buscou respostas e após investigação da Polícia Civil,
Após ouvir Raul Lages, a Justiça terá um prazo para decidir o prosseguimento do caso, definindo se o homem irá a júri popular, por exemplo. Outras 13 testemunhas de acusação e defesa do caso já foram ouvidas.
O crime
A investigação apurou que Raul e Carolina discutiram na noite do crime, e que ele a agrediu a ponto de deixá-la desacordada. Com a namorada inconsciente, Raul limpou os cômodos do apartamento, colocou roupas de cama para lavar, cortou a tela de proteção da varanda e jogou o corpo da namorada pela janela.
O inquérito mostrou, ainda, que o relacionamento do casal era conturbado, com o réu cometendo agressões físicas e verbais.
Reviravolta
Conforme o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) o fato crucial que motivou a reviravolta no caso foi o relatório de necropsia, que indicou que ela estava desacordada quando caiu de prédio no bairro São Bento, na região Centro-sul da capital mineira. O estudo mostrou que ela não demonstrou resistência durante a situação e, também, não foram constatados sinais de defesa no corpo dela.
O documento também revelou que Carolina tinha ferimentos causados por agressões que aconteceram antes da queda. Conforme a denúncia do MPMG, Raul Lages, após agredir a vítima, limpou alguns cômodos do apartamento, colocou roupas de cama para lavar, cortou a tela de proteção da janela da varanda da sala e lançou a advogada.
Diante desses fatos, o MPMG denunciou Raul Rodrigues Costa Lages por homicídio por motivo torpe, que dificultou a defesa da vítima. Além disso, qualificou como crime contra mulher e por razões de sexo feminino em situação de violência doméstica.
O homem foi indiciado em agosto de 2024, porém responde ao processo em liberdade.
‘Investigação paralela’ e descoberta de vídeos
Família e amigos de Carolina nunca acreditaram na hipótese de suicídio. Diante disso, o irmão da vítima, o também advogado Demian Magalhães, começou uma investigação paralela,
“Na noite do crime, a polícia não foi até a portaria onde fica a tela com o gravador das câmeras para pedir acesso. No dia seguinte do falecimento dela, eu fui à portaria do prédio e pedi esse acesso. Essa foi a primeira vez que a gente viu a sequência dos fatos e viu que a versão que ele tinha apresentado não batia com a realidade”, conta o irmão da vítima.
Segundo os vídeos revelados com exclusividade pelo Fantástico, da TV Globo, às 23h14, quando Carolina já estava morta, o elevador estava parado na portaria, quando foi acionado para o 8º andar. Na versão de Raul Rodrigues Costa Lages, ele teria ouvido o barulho quando estava no elevador.
O vídeo mostra Raul entrando com as roupas trocadas com uma mochila e duas sacolas cheias. Em seguida, vai em direção à portaria e ao tentar sair do prédio encontra o porteiro desesperado, que o leva até o local onde o corpo está caído.
Cerca de um minuto depois, imagens revelam o homem saindo falando ao celular, coloca as sacolas no porta-malas do carro que estava estacionado na rua e arranca.
Para a família, Raul Lages poderia ter sido preso em flagrante ali mesmo, se a Polícia Militar tivesse solicitado as câmeras de segurança do prédio e vistoriado as sacolas.
Em nota, a PM afirmou que “todas as informações colhidas, preliminarmente, no local do fato, foram registradas em boletim de ocorrência e encaminhadas à Polícia Civil para as devidas apurações e providências cabíveis.”