Rotina é uma palavra que não faz parte do dicionário do belo-horizontino Miguel Alvim Sant Anna. Aos 30 anos, ele conhece 35 países, já dormiu no McDonald’s em Nova York, ficou retido na Tanzânia quando a Covid-19 foi declarada pandemia, comeu rato, grilo e escorpião. Atualmente em Barcelona, na Espanha, Miguel esteve recentemente no Japão e viaja para o Marrocos no dia 6 de maio. O mineiro conversou com a reportagem da Itatiaia, detalhou perrengues e contou como e por que decidiu mudar completamente de vida.
Miguel, que um dia sonhou ser jogador de futebol, iniciou a jornada pelo mundo após ganhar uma bolsa para estudar e jogar nos EUA, em 2014, e avisa não ter data para encerrar o projeto de vida. Ele diz que volta ao Brasil somente para recarregar as baterias e matar a saudade da família, que mora no bairro Serra, região Centro-Sul de Belo Horizonte.
Entre um país e outro, Miguel já trabalhou como garçom, motorista de carrinho de golfe e faxineiro. “Fiquei 4 anos nos Estados Unidos. Saí de lá e fui para a Colômbia, onde virei professor de inglês. Voltei para o Brasil com 23 anos. Trabalhei em um açougue, de garçom também e depois comecei a mexer com vendas de tecnologia de software. Fiquei nessa brincadeira 7 anos mais ou menos”, recorda o belo-horizontino, que fez um curso de tecnólogo em letras nos EUA.
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— Itatiaia (@itatiaia) April 30, 2025
Apaixonado por viagem e perto de ‘surtar’ no emprego em BH, decidiu criar um canal no Youtube e passou a compartilhar a viagem pelo mundo na internet. “Foi em maio do ano passado. A minha ideia é ficar viajando o mundo. Estava no Japão, depois fui para a Coreia do Sul e voltei para a Europa, onde cobri alguns jogos da UEFA Champions League”, disse Miguel, que ganha dinheiro trabalhando por onde passa e também com o canal no Youtube.
Perrengue é o que não falta na história de Miguel. Quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou pandemia de Covid-19, por exemplo, ele estava na Tanzânia, país da África Oriental, com um grupo de dez conhecidos, teve dois voos cancelados e só conseguiu voltar para o Brasil graças à ajuda de um amigo que lhe emprestou R$ 10 mil para ele comprar passagem no último voo antes do fechamento do país.
“Depois de duas passagens canceladas, a gente foi dormir no aeroporto e fizemos ligação para a embaixada. Conseguimos um voo que não era humanitário. A gente teve que pagar R$ 10 mil para sair da Tanzânia e voltar para o Brasil. Por sorte, um dos amigos tinha bastante dinheiro, passou o cartão corporativo e pagou a minha passagem. Na hora de ir embora, um funcionário falou: ‘Olha, se vocês não entrarem nesse voo, eu não sei quando que vai sair outro. Esse é o último voo saindo daqui da Tanzânia’”, lembra.
O sufoco na Tanzânia foi o mais sério, mas não foi único. Em uma das passagens por Nova York, ele se viu obrigado a dormir no McDonald’s. “Eu estava me hospedando por alguns dias na casa de um amigo. Só que depois de um tempo, ele não podia mais me receber na casa dele. E eu estava meio que contando que ia ficar na casa de uns amigos, que também não puderam me receber. Acabei dormindo no McDonald’s. Foi terrível”, resume.
Rato
Comidas exóticas também fazem parte da história de Miguel, incluindo carne de rato. “Na Tanzânia, comi hiena. No México, comi bastante grilo. No Camboja comi rato, que inclusive é uma delícia. Tem escorpião na Tailândia, algumas coisinhas assim, e cabeça de boi também, no México. Foi legal”, concluiu.