Minas Gerais voltou a produzir soros antipeçonhentos para abastecer o Sistema Único de Saúde (SUS) e países da América Latina. A Fábrica de Produção de Soros Hiperimunes da Fundação Ezequiel Dias (Funed) foi reinaugurada nesta terça-feira (25) após nove anos de paralisação. A retomada foi possível após adequações às normas sanitárias e autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Presente no evento, o governador Romeu Zema (Novo) destacou a importância da reabertura da unidade. “Momento importantíssimo para Minas Gerais, para a Funed. Depois de nove anos de produção interrompida, era previsto uma interrupção de apenas três meses para manutenção e o problema foi se arrastando ano após ano. E nós estamos tendo aqui hoje essa felicidade e satisfação de iniciarmos novamente a produção de soro, que vai atender não só Minas Gerais, como todo o Brasil e até mesmo países da América Latina, que precisam desse soro para salvar vidas”.
A fábrica tem capacidade para produzir 150 mil ampolas anuais, sendo que a previsão para este ano é de 36 mil ampolas, que começarão a ser entregues em agosto. Os soros produzidos combatem envenenamentos causados por animais peçonhentos, como jararacas, cascavéis e escorpiões.
“É preciso retirar o plasma dos cavalos, prepará-los, retirando os anticorpos que o veneno injetado no cavalo provocou e trazer para a fábrica depois de certo tempo para poder ser processado. Em agosto nós vamos entregar as primeiras ampolas, já que nós vamos ter uma quantidade grande, 30, 40 mil, para poder entregar por vez, logisticamente, até Guarulhos, na sede do Ministério (da Saúde), onde se distribui para todo o país. Ela corresponde a 30% até 40% (da demanda nacional)”, ressaltou o presidente da Funed, Filipe Attiê.
Para a produção do soro, é necessária a extração de plasma de cavalos imunizados com venenos específicos. A Funed recebeu recentemente 24 cavalos da Polícia Militar para aumentar a capacidade produtiva.
O Secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, afirmou que outros estados brasileiros aguardavam a reabertura da Fundação para ter acesso aos soros e citou o exemplo do Paraná, estado que tem alta incidência de picadas de Aranha Marrom, um aracnídeo peçonhento que pode necrosar a pele em caso de picada.
“Com essa fábrica sendo retomada, todo o país vai conseguir ter tempo de resposta com soro de qualquer uma das doenças. Como a Aranha Marrom não é comum aqui em Minas Gerais, a gente não tem nenhum tipo de risco por falta de soro. Mas em outros estados, como o Paraná, isso é um risco real. E eles já estão com o contrato pronto, querendo os nossos soros, para que eles não sofram como sofreram em outros anos”, afirmou.
Funed
A Fundação Ezequiel Dias atua na pesquisa e produção de imunobiológicos desde 1907, e interrompeu a fabricação em 2016 para adequações às normas sanitárias. Os soros produzidos ajudam no tratamento de envenenamentos causados por animais peçonhentos.
O antibotrópico combate o veneno de jararacas, o anticrotálico é usado contra picadas de cascavéis, e o antiescorpiônico trata casos de envenenamento por escorpiões. Esses produtos serão distribuídos pelo Ministério da Saúde para estados e municípios, com previsão de chegada ao SUS ainda em 2025.
Além da retomada da fábrica, outras iniciativas estão em andamento na Funed, como a criação de uma nova unidade do Laboratório Central de Saúde Pública (LACEM) e a produção nacional de toxina botulínica, utilizada em tratamentos médicos e estéticos. A Funed agora faz parte do grupo de instituições responsáveis pela produção de soros no Brasil, ao lado da Fiocruz e do Instituto Butantan.
