Uma mulher morreu na noite desse sábado (15) após complicações em decorrência de um procedimento cirúrgico realizado em
O procedimento foi realizado na clínica do cirurgião plástico Marcelo Regianni, localizada na regional Centro-Sul da capital mineira.
De acordo com os familiares, durante o processo de anestesia na cirurgia plástica a traqueia de Claudineia teria sido perfurada. No entanto, os médicos não teriam constatado o erro e continuaram a cirurgia.
Após o procedimento, o rosto da mulher ficou inchado como um balão e o cirurgião plástico suspeitou de alergia aos medicamentos.
Claudineia, então, foi transferida para o Hospital Med Sênior, que constatou a perfuração na traqueia.
Na noite dessa sexta-feira (14), ela foi transferida para o Hospital Alberto Cavalcanti, onde foi realizada uma cirurgia de alta complexidade para tentar “costurar a traqueia”, mas a paciente acabou não resistindo e faleceu 40 minutos após o procedimento.
Os familiares registraram boletim de ocorrência e o caso será investigado pela Polícia Civil.
‘Ela era meu tudo’
Adinelson Valadares, marido da vítima, conversou com a Itatiaia e deu detalhes do que aconteceu.
Ele conta que a equipe médica afirmou que o corte na traqueia de Claudineia foi “muito profundo”. “Furou em um lugar que todos os médicos falaram que nunca tinham visto”.
“Ela era meu tudo. Deixou dois netos e dois filhos. O que eu quero agora é justiça para reparar. Essa perda não vai voltar, mas que outras pessoas não tenham o mesmo problema que ela teve”, diz o viúvo.
O que diz o médico
O médico-cirurgião plástico Marcelo Regianni se manifestou por meio da nota. Veja na íntegra
“Após os esclarecimentos já enviados à imprensa e considerando a necessidade de elucidar alguns pontos que porventura não foram compreendidos, reiteramos a distinção entre as responsabilidades médicas da cirurgia plástica e da anestesia.
Reforçamos que não foi de competência do cirurgião plástico a manipulação da traqueia da paciente. Não houve intercorrência no procedimento cirurgia plástica. A intubação da paciente foi realizada e ficou a cargo da equipe de anestesia que atua no Hospital ULC, onde a cirurgia foi realizada como parte do protocolo anestésico. O local possui autorização para a realização segura de diversos procedimentos médicos e cirúrgicos.
O acompanhamento pós-cirúrgico da paciente também era de responsabilidade do Hospital ULC. Ainda assim, o cirurgião plástico manteve contato próximo com a família, oferecendo apoio de forma ética e empática.
O cirurgião e a médica anestesista plantonista, em comum acordo, recomendaram a transferência da paciente para serviço de internação emergencial em um hospital com maior estrutura após detectarem um possível caso de anafilaxia.
O cirurgião atribui o agravamento do quadro à demora no diagnóstico e tratamento efetivo, ocasionado por sucessivas transferências entre hospitais após a cirurgia plástica e que estão listadas a seguir.
A seguir, reforço de informações do posicionamento enviado em 16 de fevereiro de 2025
Esclarecimentos principais
O cirurgião perfurou a traqueia da paciente?
Não. A paciente passou por intubação realizada pela equipe de anestesia do Hospital ULC, como procedimento padrão para a cirurgia. Isto é, a traquéia não foi, em momento algum, manipulada pelo cirurgião plástico que realizou cirurgia abdominal na paciente.
O cirurgião realizou a plástica em uma clínica?
Não. A cirurgia foi realizada no Hospital ULC, localizado no Condomínio Lifecenter, em Belo Horizonte. O ULC é um hospital-dia autorizado pelos órgãos competentes para a realização segura de diversos procedimentos médicos e cirúrgicos.
O cirurgião tinha conhecimento da lesão na traqueia?
Não. Durante a cirurgia plástica, não houve qualquer intercorrência que indicasse essa complicação.
Por que o cirurgião recomendou a transferência da paciente para um serviço de emergência?
Devido à gravidade do quadro de anafilaxia e à falta de resposta ao tratamento.
Quando o cirurgião tomou conhecimento da gravidade do caso?
A gravidade do caso foi confirmada após a realização da tomografia, realizada em outro serviço de saúde, quando o diagnóstico inicial de anafilaxia foi descartado. Nesse momento, o cirurgião plástico teve conhecimento sobre a lesão na traqueia.
Linha do tempo das transferências da paciente
Após a recomendação de transferência pelo cirurgião, a paciente deu entrada no Pronto Atendimento do Hospital Lifecenter, localizado no mesmo complexo do hospital-dia. Durante o atendimento, a equipe de plantão também suspeitou de anafilaxia e conduziu o tratamento com base nesse diagnóstico. No entanto, como a operadora de saúde da paciente não era aceita pelo hospital, a família optou por transferi-la para o Pronto Atendimento do Hospital MedSênior, na Pampulha. Como não havia risco imediato à vida, as equipes do Hospital Lifecenter e do cirurgião apoiaram a transferência.
No MedSênior, a equipe de emergência assumiu a condução do caso e ampliou a investigação diagnóstica, pois o quadro continuava evoluindo mesmo com o tratamento para anafilaxia. Após a realização de uma tomografia, foi identificada lesão na traqueia e recomendada a internação para cirurgia torácica. No entanto, devido ao período de carência do plano de saúde da paciente e à ausência de risco iminente à vida naquele momento, a recomendação foi transferi-la para um hospital público (SUS).
Nesse ponto, a operadora já havia acionado uma ambulância para a transferência. Inicialmente, a família recusou a remoção, mas, após nova avaliação da necessidade, aceitou. Entretanto, foi necessário acionar outra ambulância, o que resultou em um atraso de aproximadamente duas horas na transferência para o Hospital Alberto Cavalcanti, localizado no Padre Eustáquio, isso na sexta-feira (14/02). No sábado (15/02), a paciente passou por um procedimento mais invasivo pela cirurgia torácica, sofreu duas paradas cardíacas e, infelizmente, faleceu.
A anestesista mencionou ao cirurgião algumas hipóteses para a lesão da traqueia, que são descritas na literatura médica como riscos inerentes à manipulação da via aérea para intubação. Entre elas, estão possíveis lesões causadas pela guia utilizada para a intubação ou ruptura provocada pelo próprio tubo.
Em observação ao sigilo médico e à LGPD o cirurgião não cita o nome da paciente e de seus familiares, nome da anestesista e nem maiores detalhes sobre o procedimento. No entanto, coloca-se à disposição para o esclarecimento dos fatos.”