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Mulher morre após complicações de cirurgia plástica em BH, e família aciona polícia

A vítima é Claudineia Francisca Lima, de 46 anos

Mulher morre após complicações de cirurgia plástica em BH

Uma mulher morreu na noite desse sábado (15) após complicações em decorrência de um procedimento cirúrgico realizado em Belo Horizonte. A vítima é Claudineia Francisca Lima, de 46 anos. Ela foi submetida a uma cirurgia de hérnia epigástrica e uma abdominoplastia.

O procedimento foi realizado na clínica do cirurgião plástico Marcelo Regianni, localizada na regional Centro-Sul da capital mineira.

De acordo com os familiares, durante o processo de anestesia na cirurgia plástica a traqueia de Claudineia teria sido perfurada. No entanto, os médicos não teriam constatado o erro e continuaram a cirurgia.

Após o procedimento, o rosto da mulher ficou inchado como um balão e o cirurgião plástico suspeitou de alergia aos medicamentos.

Claudineia, então, foi transferida para o Hospital Med Sênior, que constatou a perfuração na traqueia.

Na noite dessa sexta-feira (14), ela foi transferida para o Hospital Alberto Cavalcanti, onde foi realizada uma cirurgia de alta complexidade para tentar “costurar a traqueia”, mas a paciente acabou não resistindo e faleceu 40 minutos após o procedimento.

Os familiares registraram boletim de ocorrência e o caso será investigado pela Polícia Civil.

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‘Ela era meu tudo’

Adinelson Valadares, marido da vítima, conversou com a Itatiaia e deu detalhes do que aconteceu.

Ele conta que a equipe médica afirmou que o corte na traqueia de Claudineia foi “muito profundo”. “Furou em um lugar que todos os médicos falaram que nunca tinham visto”.

“Ela era meu tudo. Deixou dois netos e dois filhos. O que eu quero agora é justiça para reparar. Essa perda não vai voltar, mas que outras pessoas não tenham o mesmo problema que ela teve”, diz o viúvo.

O que diz o médico

O médico-cirurgião plástico Marcelo Regianni se manifestou por meio da nota. Veja na íntegra

“Após os esclarecimentos já enviados à imprensa e considerando a necessidade de elucidar alguns pontos que porventura não foram compreendidos, reiteramos a distinção entre as responsabilidades médicas da cirurgia plástica e da anestesia.

Reforçamos que não foi de competência do cirurgião plástico a manipulação da traqueia da paciente. Não houve intercorrência no procedimento cirurgia plástica. A intubação da paciente foi realizada e ficou a cargo da equipe de anestesia que atua no Hospital ULC, onde a cirurgia foi realizada como parte do protocolo anestésico. O local possui autorização para a realização segura de diversos procedimentos médicos e cirúrgicos.

O acompanhamento pós-cirúrgico da paciente também era de responsabilidade do Hospital ULC. Ainda assim, o cirurgião plástico manteve contato próximo com a família, oferecendo apoio de forma ética e empática.

O cirurgião e a médica anestesista plantonista, em comum acordo, recomendaram a transferência da paciente para serviço de internação emergencial em um hospital com maior estrutura após detectarem um possível caso de anafilaxia.

O cirurgião atribui o agravamento do quadro à demora no diagnóstico e tratamento efetivo, ocasionado por sucessivas transferências entre hospitais após a cirurgia plástica e que estão listadas a seguir.

A seguir, reforço de informações do posicionamento enviado em 16 de fevereiro de 2025

Esclarecimentos principais

O cirurgião perfurou a traqueia da paciente?
Não. A paciente passou por intubação realizada pela equipe de anestesia do Hospital ULC, como procedimento padrão para a cirurgia. Isto é, a traquéia não foi, em momento algum, manipulada pelo cirurgião plástico que realizou cirurgia abdominal na paciente.

O cirurgião realizou a plástica em uma clínica?
Não. A cirurgia foi realizada no Hospital ULC, localizado no Condomínio Lifecenter, em Belo Horizonte. O ULC é um hospital-dia autorizado pelos órgãos competentes para a realização segura de diversos procedimentos médicos e cirúrgicos.

O cirurgião tinha conhecimento da lesão na traqueia?
Não. Durante a cirurgia plástica, não houve qualquer intercorrência que indicasse essa complicação.

Por que o cirurgião recomendou a transferência da paciente para um serviço de emergência?
Devido à gravidade do quadro de anafilaxia e à falta de resposta ao tratamento.

Quando o cirurgião tomou conhecimento da gravidade do caso?
A gravidade do caso foi confirmada após a realização da tomografia, realizada em outro serviço de saúde, quando o diagnóstico inicial de anafilaxia foi descartado. Nesse momento, o cirurgião plástico teve conhecimento sobre a lesão na traqueia.

Linha do tempo das transferências da paciente

Após a recomendação de transferência pelo cirurgião, a paciente deu entrada no Pronto Atendimento do Hospital Lifecenter, localizado no mesmo complexo do hospital-dia. Durante o atendimento, a equipe de plantão também suspeitou de anafilaxia e conduziu o tratamento com base nesse diagnóstico. No entanto, como a operadora de saúde da paciente não era aceita pelo hospital, a família optou por transferi-la para o Pronto Atendimento do Hospital MedSênior, na Pampulha. Como não havia risco imediato à vida, as equipes do Hospital Lifecenter e do cirurgião apoiaram a transferência.

No MedSênior, a equipe de emergência assumiu a condução do caso e ampliou a investigação diagnóstica, pois o quadro continuava evoluindo mesmo com o tratamento para anafilaxia. Após a realização de uma tomografia, foi identificada lesão na traqueia e recomendada a internação para cirurgia torácica. No entanto, devido ao período de carência do plano de saúde da paciente e à ausência de risco iminente à vida naquele momento, a recomendação foi transferi-la para um hospital público (SUS).

Nesse ponto, a operadora já havia acionado uma ambulância para a transferência. Inicialmente, a família recusou a remoção, mas, após nova avaliação da necessidade, aceitou. Entretanto, foi necessário acionar outra ambulância, o que resultou em um atraso de aproximadamente duas horas na transferência para o Hospital Alberto Cavalcanti, localizado no Padre Eustáquio, isso na sexta-feira (14/02). No sábado (15/02), a paciente passou por um procedimento mais invasivo pela cirurgia torácica, sofreu duas paradas cardíacas e, infelizmente, faleceu.

A anestesista mencionou ao cirurgião algumas hipóteses para a lesão da traqueia, que são descritas na literatura médica como riscos inerentes à manipulação da via aérea para intubação. Entre elas, estão possíveis lesões causadas pela guia utilizada para a intubação ou ruptura provocada pelo próprio tubo.

Em observação ao sigilo médico e à LGPD o cirurgião não cita o nome da paciente e de seus familiares, nome da anestesista e nem maiores detalhes sobre o procedimento. No entanto, coloca-se à disposição para o esclarecimento dos fatos.”


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Repórter policial e investigativo, apresentador do Itatiaia Patrulha.