Pais aluno e professores da Escola Municipal Maria do Amparo, localizada no bairro Industrial, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, se surpreenderam com um anúncio de um possível fechamento da instituição nesta semana. A unidade funciona há 54 anos na comunidade, atende 522 alunos do ensino fundamental (entre o 6º e 9º) e emprega 65 profissionais.
Pais e funcionários contam que a direção da escola foi informada, na manhã de quarta-feira (6), que a escola seria fechada. No entanto, após a repercussão da notícia, a Secretaria Municipal de Educação (Seduc) esclareceu que, na verdade, não trata-se de um fechamento, mas sim de uma readequação (veja a nota completa abaixo).
Segundo a Seduc, há uma baixa demanda de vagas para alunos do ensino fundamental no bairro Industrial. Em contrapartida, há cada vez mais pessoas a procura de vagas para o ensino infantil. Por isso, as escolas da região passariam por um remanejamento de estudantes.
Funcionários da escola Maria do Amparo, questionam a decisão municipal e afirma que a instituição não sofre com uma baixa demanda de estudantes.
Procurada pela Itatiaia, a secretária Municipal de Educação de Contagem, Telma Ribeiro, explicou que os aluno da escola Maria do Amparo passarão, a partir de 2025, a estudar na Escola Municipal Professora Júlia Kubitschek de Oliveira, que atenderá estudantes do 1° ao 9° ano do ensino fundamental.
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A notícia teria sido informada à direção da escola em uma reunião na manhã quarta-feira (6), mas vazou e se espalhou entre pais e alunos. Foram os alunos que avisaram os funcionários que a escola seria supostamente fechada. Sem saber o que estava acontecendo, os professores tiveram que amparar as crianças, que estavam desoladas.
Assim que a situação se acalmou na terça-feira, os funcionários da escola enviaram um bilhete para os pais anunciando o possível fechamento da instituição. Simone, mãe de um dos alunos da instituição, conta que recebeu o comunicado com surpresa.
“Meu filho tem 12 anos, está no 6° ano e é autista. Na quarta, o João chegou da escola com um bilhete que comunicava o fechamento da escola, e nos convocando pra vir numa assembleia no sábado (9). Em relação ao atendimento a ele, a escola tem sido fundamental. É simplesmente perfeito”, conta a mãe. “A escola é boa, tem professores excelentes. Eu não acho que ela deva ser fechada”, avalia João.
A artesã Leilane Alves, mãe de Ana Lívia, de 12 anos, também recebeu o comunicado da escola. Ela conta que a instituição dá todo apoio à filha, que também é autista.
“Aqui na escola a gente tem esse acompanhamento, tem um apoio. Muitas vezes, ela passa mal, a escola entra em contato comigo, eu venho e converso. A compreensão é muito boa, sabe? [..] A escola que me informou sobre o fechamento. Disse que recebeu essa notícia da Prefeitura de Contagem”, contou.
Funcionários reclamam de falta de diálogo e dizem que foram pegos de surpresa por decisão
Os funcionários também afirmam que não houve qualquer tipo de diálogo com a equipe da escola.
Ainda de acordo com a equipe da Maria do Amparo, a escola estava no meio de um processo eleitoral para definir a nova diretoria.
“Nós estávamos em pleno período de eleição. Eles obrigaram os professores a fazer um curso cansativo para participar do processo. Nós teríamos duas chapas concorrendo, mas suspenderam a eleição. Agora, se os alunos foram remanejados, não será uma direção escolhida pela comunidade ou alguém da escola, que conhece as nossas demandas”, afirma uma integrante.
Notas da Prefeitura de Contagem
“A Secretaria Municipal de Educação de Contagem informa que não se trata de fechamento de escolas, mas sim do planejamento do ano escolar de 2025. Com isso, não há redução de oferta de vagas, o ano de 2024 será encerrado normalmente nas unidades, todos os estudantes terão acolhimento e haverá uma qualificação e otimização do atendimento na rede municipal.
As mudanças ocorrem sobretudo em regiões da cidade onde, em razão da dinâmica demográfica e do envelhecimento da população, a procura por vagas no ensino fundamental está reduzida. O principal exemplo é a regional Industrial, que tem apresentado sistematicamente reduções no número de cadastros ao longo dos últimos anos. Há casos de escolas com número de cadastros inferiores a 25 estudantes. Por outro lado, há um aumento da demanda da educação infantil, sobretudo para o tempo integral.
As alterações pensadas pela Secretaria Municipal de Educação caminham no sentido de otimizar e qualificar o atendimento, propondo mudanças de prédios em escolas que estão próximas, a cerca de 1 km de distância. A transferência de alunos entre uma escola e outra gerará, no futuro, de maneira geral, um aumento de vagas na educação infantil (0 a 3 anos) e também um incremento no ensino médio por meio da Fundação de Ensino de Contagem (Funec) e de cursos técnicos e de qualificação profissional, atendendo, assim, demandas inclusive do mercado de trabalho do Município”.
Nesta sexta-feira (8), a Secretaria Municipal de Educação enviou uma nova nota com o detalhamento das ações de remanejamento dos alunos:
“A população da nossa cidade e em especial da nossa região, está envelhecendo. A cada ano o número de matrículas reduz drasticamente em nossas escolas. Desta forma, a Secretaria de Educação propôs uma reorganização considerando o compromisso com a população e com os recursos públicos.
Desta forma, os alunos da Escola Maria do Amparo serão remanejados para a escola Professora Júlia Kubitschek, onde eles inclusive já cursam os anos iniciais e o Maria do Amparo abrigará de forma integral a Funec Industrial com a possibilidade de novas ofertas de cursos profissionalizantes para a comunidade.
Os alunos terão suas vagas garantidas e os profissionais da escola terão prioridade de escolha na transferência. Até porque vamos ampliar turmas na Escola Júlia Kubitschek. A Escola Vereador Jesu Milton vai virar um Cemei de tempo integral.
A Escola Nossa Senhora Aparecida, atendendo a um pedido antigo da população, vai ampliar turmas passando a atender também o público até o 9 ano”.