“As coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão”, escreveu Carlos Drummond de Andrade no poema “Memória”. A dele é celebrada neste 31 de outubro na cidade de Itabira, onde nasceu, com a abertura da exposição “Menino antigo, poeta moderno”. A mostra permanente foi apresentada aos itabiranos no dia em que o poeta completaria 122 anos.
A mostra ocupa todos os cômodos do imóvel, no qual Carlos viveu dos 2 aos 12 anos, quando então se mudou para Belo Horizonte. Nos 21 cômodos do casarão de dois andares, a exposição reúne objetos de família, pinturas, mobiliário, louças, fotos, pinturas que contam a história do poeta, sua família, seus amigos.
Mobilização
“É muito bom ver essa casa agora restaurada resgatando a vida do menino Drummond. Está eternizada aqui a sua infância, que nos evoca a história de Itabira e Minas Gerais”, disse Ângelo Oswaldo, prefeito de Ouro Preto e curador da exposição no evento de abertura.
Diversos moradores da cidade participaram da criação da museografia e dos trabalhos da casa. Os versos que abrem esta reportagem, por exemplo, foram bordados por mulheres do Grupo de Bordadeiras Tecitura de
Cama dos pais de Drummond
Ao passar de sala em sala, vemos objetos que inspiraram poemas, como três compoteiras coloridas de vidro que compõem uma cristaleira. Vemos e comprovamos que tudo é matéria para a poesia.
Em outro quarto, no canto da casa, há uma escrivaninha onde está uma máquina de escrever. Ao lado da janela, uma poesia sobre “o verso que a pena não quer escrever” — sim, até Drummond tinha bloqueio literário, que transformava em poesia.
A máquina é objeto de curiosidade, principalmente das crianças. “Como faz para apagar?”, disse uma das crianças presentes, querendo entender o artefato. O cenário pode ser usado livremente para
Máquina de escrever em exposição na Casa de Drummond, em Itabira
Turismo e poesia
“A abertura da Casa Drummond reforça o turismo, pilar da transformação de Itabira e um novo ciclo da nossa economia”, disse Marco Antônio Lage, prefeito da cidade, durante o evento de abertura.
A Prefeitura adquiriu a casa onde funciona o museu e restaurou-a com apoio da Stellantis/Fiat. A exposição foi patrocinada pelo Instituto Cultural Vale.
“Atuando no território a gente amplia ainda mais nossa ação”, disse Wagner Tameirão, que representou o Instituto Cultural Vale. Em seu discurso, ele ressaltou a atuação do Instituto como o maior financiador de projetos culturais em Minas Gerais. “Esperamos que a casa e a exposição tragam ainda mais turistas e sejam importantes para os moradores”, completou.
Vocação
“A cidade da poesia não pode ser letra morta”, afirmou Marcos Alcântara, superintendente da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade. “A gente acredita que a cultura e o turismo sejam formas de diversificação da economia. Tem pessoas aqui descobrindo esse diamante encoberto que é a casa de Drummond, que nós estamos desvelando”, acrescentou.
Serviço
- Exposição “Menino Antigo, Poeta Moderno”
- Onde: Casa de Drummond — Praça do Centenário, 137 — Centro, Itabira/ MG
- Como: Entrada gratuita.
- Horário de funcionamento: de terça a sexta-feira de 8 às 18h — sábado e domingo de 10 às 16h.
A repórter viajou a Itabira (MG) a convite do Instituto Cultural Vale.