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Estudante mineiro com TDAH tenta atendimento especializado na Justiça após negativa do Inep

Mineiro de Belo Horizonte tenta vaga no curso de Medicina

Igor tem 23 anos e tenta vaga em medicina

O estudante Igor Saad Teixeira tem 23 anos e há seis estuda para conseguir uma vaga no curso de Medicina. O jovem de Belo Horizonte tenta a aprovação pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Diagnosticado com Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) e Transtorno do Déficit de Atenção (TDAH), ele solicitou atendimento especializado para realizar a prova, mas teve o pedido negado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A família acionou a Justiça Federal e aguarda uma decisão.

O pedido do estudante por assistência foi aceito por outras universidades como a Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) a Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

Provas

O mineiro faz as provas do Enem desde 2017, quando começou como treineiro. Desde 2019, tenta cursar medicina e estuda de 12 a 18 horas por dia.

Desde criança, Igor sempre teve dificuldades de lidar com o tempo e a organização das informações. Apesar de ser um exame amplamente concorrido, a família desconfiou que algo estava errado devido à dedicação do estudante.

No início de 2023, Igor foi diagnosticado com Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), Transtorno do Déficit de Atenção (TDAH) e ansiedade. Em seguida, iniciou o tratamento e tentou o pedido de atendimento especializado no Enem. Sem os laudos em um primeiro momento, o Inep recusou o pedido.

Naquele ano, Igor acertou 42 das 45 questões de exatas, mas precisou chutar outras questões por não conseguir manejar bem o tempo de prova por conta do TDAH.

Em 2024, com os laudos sobre o transtorno, Igor solicitou novamente o atendimento especializado - que poderia dar uma hora a mais para concluir a prova. O Inep negou o pedido e o recurso, mesmo com laudo psiquiátrico e receitas médicas.

Igor e a mãe, Nalu Saad, acionaram a Justiça em agosto. O pedido de liminar está no TRF-6. A família espera que seja julgado a tempo do Enem, marcado para o dia 3 de novembro.

‘Se pelo menos a Justiça julgasse, nós ficaríamos um pouco acalentados. Não ser aprovado por condição de saúde que te impede é triste’, afirma Saad.

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Resposta do Inep

Questionado pela reportagem, o Inep não detalhou o caso do estudante. Leia a resposta completa:
“O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) assegura os recursos de atendimento especializado aos participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que requeiram, desde que comprovem a necessidade. Para tanto, é necessário inserir documentação comprobatória no sistema durante a solicitação (que deve ser feita no ato da inscrição). Conforme previsto no Edital nº 51, de 10 de maio de 2024, o participante que solicitar tempo adicional de prova precisa apresentar documento com a descrição de tal necessidade. A norma é uma das exigências para aprovação dos pedidos, de modo que o não cumprimento dela impede a utilização do recurso”.

Atendimento especializado no Enem

Segundo o artigo 4 do edital do Enem, o Inep oferece atendimento especializado para participantes com baixa visão, cegueira, visão monocular, deficiência física, deficiência auditiva, surdez, deficiência intelectual (mental), surdocegueira, dislexia, déficit de atenção, transtorno do espectro autista, discalculia, gestante, lactante, idoso, estudante em classe hospitalar e/ou outra condição específica.


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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), Giullia Gurgel é repórter multimídia da Itatiaia. Atualmente escreve para as editorias de cidades, agro e saúde