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Polícia investiga suspeito de aplicar ‘golpe da cerveja’ em Ibirité e causar rombo que passa de meio milhão

Vítimas calculam que o prejuízo pode chegar a R$ 1 milhão

Suspeito dizia que comprava cerveja por um preço abaixo do mercado

A Polícia Civil de Minas Gerais investiga um professor de educação física, de 34 anos, suspeito de aplicar o golpe da ‘compra falsa de cerveja Heineken’ em dezenas de moradores de Ibirité, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). A Itatiaia teve acesso a boletins de ocorrências sobre o caso, que toma conta das rodas de conversa da cidade de pouco mais de 170 mil habitantes. O prejuízo calculado pelas vítimas até agora, passa de R$ 700 mil.

Conforme apurado pela Itatiaia, todas as vítimas são pessoas conhecidas do suspeito, algumas com mais de 20 anos de amizade. O golpe, que se assemelha a uma pirâmide financeira, começou a ser aplicado neste ano. O professor de educação física é filho de uma proprietária de um bar famoso na cidade e, para enganar os amigos, dizia que comprava cerveja Heineken por um preço bem abaixo do mercado e que tinha fechado para fornecer a bebida para um buffet semanalmente. Assim, chamava as pessoas para entrar no ‘negócio’, oferecendo boa margem de lucro (comprava a caixa por R$ 140 e vendia por R$ 240). O negócio foi oferecido a quase trinta conhecidos individualmente, sem que um soubesse do outro.

“Geralmente, os dois primeiros pedidos ele pagava normalmente. Os demais ele ia fazendo um pequeno ‘esquema’. Próximo de receber o valor investido com o lucro, ele informava que tinha mais pedidos, a gente acabava deixando de receber pra pegar mais e ele ‘ficava com o dinheiro”, disse uma das vítimas à Itatiaia. “Para alimentar o golpe, ele pagava um com o dinheiro do outro, simulando que realmente teve o pedido e a venda da cerveja”, explicou.

Policiais e políticos estão entre as pessoas que caíram no golpe. Além do dinheiro, o suspeito tinha uma máquina de cartão e convencia as vítimas a pagar parte do valores no crédito. “Todo mundo confiava nele. Ele enganou amigos dele, pessoas que gostavam dele, pessoas que tinham profundo respeito por ele”, disse um policial que levou prejuízo de R$ 50 mil.

“Meu caso foi isso: ele chegou e falou ‘vamos investir na cerveja, porque dará lucro, eu não tenho dinheiro, você entra (com o recurso). No começo eu não queria, mas ele ficou falando tanto que iria ajudar demais e entrei. O outro , que está na planilha, colocou R$ 30 mil na amizade. Então assim, ele abusou do carinho, do respeito e da boa vontade das pessoas. Ele abusou de amigos verdadeiros dele. Ele não deu o cano em gente desconhecida, ele deu o cano em amigos e irmãos que ele tinha”, completou o policial.

Conforme relatos de vítimas, o golpe foi descoberto em razão dos atrasos do pagamento e depois que confirmaram que o professor tinha oferecido o mesmo ‘negócio da venda da cerveja’ para várias pessoas.

As vítimas criaram um grupo de Whatsapp e se organizam para entrar na Justiça. Vários boletins de ocorrência foram registrados. Em um deles, feito em conjunto por quatro vítimas, o prejuízo chega a R$ 700 mil.

Internado?

Desde quando o caso foi descoberto, o suspeito de estelionato não é mais visto em Ibirité. No boletim de ocorrência feito em conjunto, as vítimas relatam que a família disse que o professor de educação física estava internado.

“Falaram que ele estava sendo internado por vício em apostas esportivas, mas ninguém acredita que ele realmente está internado”, disse uma das vítimas à Itatiaia.

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Bar fechado

Em razão da repercussão do caso na cidade, o bar da mãe do suspeito está fechado.

A reportagem entrou em contato com o suspeito, mas teve retorno até o fechamento dessa reportagem. Procurada, a esposa do professor de educação física não quis se manifestar. O espaço segue aberto.

O que diz a Polícia Civil?

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que há inquérito policial instaurado para apurar o suposto crime de estelionato praticado pelo homem, de 34 anos.

A PCMG esclarece que trata-se de crime de ação penal pública condicionada à representação das vítimas, conforme determinação legal, para a instauração de procedimento investigatório.

A instituição orienta que todo cidadão lesado deve procurar uma delegacia mais próxima de sua residência, para propor a devida representação e apresentar as provas/documentos que possam auxiliar na investigação.


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Jornalista formado pela Newton Paiva. É repórter da rádio Itatiaia desde 2013, com atuação em todas editorias. Atualmente, está na editoria de cidades.