Em 2018, a corretora de imóveis Karina Garofalo foi assassinada a tiros na frente do filho, de 11 anos, no Rio de Janeiro. Até este ano, a polícia acreditava que o crime tinha sido motivado por ciúmes e por uma divergência da vítima com o ex-marido sobre a divisão de bens após o divórcio. Porém, o caso sofreu uma nova reviravolta, conforme uma reportagem especial exibida pelo Fantástico, da TV Globo, nesse domingo (15) .
Antes do assassinato da corretora, Karina e o ex-marido Pedro Paulo Barros Pereira Júnior completavam cinco anos de divórcio. A disputa entre os bens do casal se arrastava e não era amigável. Isso porque o patrimônio da família de Pedro é bem maior do que o de Karina. A família é dona de indústrias de produtos de limpeza, centenas de imóveis e terrenos no Rio de Janeiro, possuindo um verdadeiro “império”.
Até então, a polícia acreditava que Pedro eram quem tinha mandado matar a ex-esposa. Ele está preso, mas nega o crime. “O delegado colocou que eu planejei e ordenei o fato, né? Matar a Karina, com o meu filho do lado dela, podendo matar o meu filho também.... Eu não tinha motivo para matar a Karina”, disse o suspeito em depoimento. Pedro Paulo Júnior está preso desde 2018, acusado de mandar matar a esposa.
Agora, o Ministério Público também denunciou o ex-sogro da corretora, Pedro Paulo Barros Pereira, por ser um segundo mandante do crime. Ele, no entanto, também nega participação no assassinato. Os promotores dizem que a disputa de bens do ex-casal incomodou o patriarca da família.
Segundo uma das irmãs de Karina, Pedro Paulo (pai) procurou a corretora e pediu que ela assinasse um documento passando imóveis para o nome dele. Como a mulher não teria concordado com as exigências, o patriarca teria dito: “Estou sentindo gosto de sangue na boca. Estou vendo sangue”.
Pai e filho acusam um ao outro pelo assassinato
De acordo com o Ministério Público, o que parecia ser uma aliança entre pai e filho virou uma troca de acusações. Pedro Paulo Júnior e Pedro Paulo pai passaram a ter advogados diferentes e se tornaram adversários.
“Eu vou fazer a defesa do Júnior e vou acusar o pai dele. Eu afirmo que tem muito mais indícios contra um suposto segundo mandante do que contra o Júnior”, disse a advogada Mariana Nery.
A defesa de Pedro Paulo pai rebate as acusações. "É uma tese bastante temerária, tentar a tirar a responsabilidade de um colocando a responsabilidade no outro”, comentou o advogado Rafael Mattos.
Os promotores acreditam que há tantos indícios que indicam que Pedro Paulo pai tenha sido o mandante, que eles decidiram denunciá-lo em outro processo. Agora, o patriarca é réu por homicídio e aguarda o julgamento em liberdade.
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Crime foi premeditado
O Ministério Público afirma que o assassinato de Karine foi premeditado. O autor dos disparos usava um capuz e um silenciador na hora de atirar. Após o crime, ele foi até um terreno baldio se desfazer das armas, e acabou batendo em dois carros durante a fuga.
A polícia conseguiu descobrir a identidade do assassino porque, momentos antes do crime, ele se deixou gravar pelas câmeras do estacionamento de um shopping enquanto seguia Karina. Ao analisar as imagens, os investigadores descobriram que os disparos foram feitos por Paulo Maurício Barros Pereira, primo de Pedro Paulo Júnior e sobrinho de Pedro Paulo pai. O homem confessou o crime.
A defesa de Paulo Maurício afirma que ele cometeu o crime durante um surto psicótico e que não matou Karina a mando de alguém. Além de Paulo Maurício, um outro homem foi flagrado o ajudando na execução de Karine: Hamir Feitosa Todorovic. Ele pilotou a moto que seguiu a corretora no dia do crime. Ao ser preso, o ex-marido da vítima confessou ser o dono do veículo.
Um dia depois de Karine ser morta a tiros, Paulo Maurício e Pedro Paulo Júnior tiveram a prisão decretada. O MP acreditava que o ex-marido da corretora tinha encomendado o assassinato dela por causa das disputas patrimoniais e por ciúmes, já que ela estava em um novo relacionamento.
Hamir também teve a prisão decretada e foi condenado a 30 anos, mas morreu de câncer enquanto cumpria prisão domiciliar. Os primos Pedro Paulo Júnior e Paulo Maurício estão presos há seis anos e respondem por homicídio triplamente qualificado. Os dois ainda aguardam julgamento.
Pedro Paulo pai também chegou a ser preso em 2018, acusado de esconder o filho, mas foi solto 21 dias depois.