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Fábrica de doces fundada quando BH tinha bonde vai completar 70 anos no Padre Eustáquio

Fábrica de Doces Padre Eustáquio mantém produção artesanal de vários tipos de doces

Irmãos tocam fábrica de doces que tem 69 anos de tradição

Uma entrada simples na rua Padre Eustáquio, região Noroeste de Belo Horizonte, preserva uma tradição que vai completar 70 anos em dezembro: é a Fábrica de Doces Padre Eustáquio, fundada em 1955 e que mantem a produção artesanal de 13 tipos de iguarias. Para se ter uma ideia da tradição, o transporte na capital nessa época era feito pelos extintos bondes e o Fusca sequer era fabricado no Brasil. Além disso, quando o estádio Mineirão foi inaugurado, em 1965, a fábrica já tinha uma década de existência.

A fábrica é tocada atualmente pelos irmãos Luiz Machado, 66 anos, Cássio Machado, de 61, e Maria Ângela Braga, de 69. Luiz e Cássio são os responsáveis pela produção e administração da fábrica. Tudo é feito de maneira artesanal, sem uso de conservantes e no forno a lenha. São gastos por dia 400 litros de leite, 200 quilos de açúcar, 75 quilos de amendoim e 100 quilos de coco.

Luiz Machado e Cássio são formados em direito, mas trocaram os tribunais pela tradição familiar criada pelos pais José Machado ( que morreu em 2015 aos 89 anos) e Ilda de Melo (que faleceu em 2011, também aos 89 anos).

“Todos esses anos que estamos e devido à graça e à proteção do meu pai e da minha mãe e do poderoso Padre Eustáquio, que sempre nos protegeu e irá sempre nos proteger”, diz Luiz Machado.

Tradição de quase sete décadas é mantida por irmãos no bairro Padre Eustáquio

Cássio Machado diz que a produção dos doces ocorre o ano todo, mas dobra nesta época em razão das festas juninas e julinas. Variedade para quem gosta de doce não falta.

“Tem doce de leite puro, doce de leite com coco, doce de leite com mamão, figo, goiabada cascão, cocada de leite condensado, pé de moleque, cocada morena, cocada preta, cocada branca, doce de leite de corte, canudinho, e cajuzinho. Tudo é feito aqui de maneira artesanal. Nessa época do ano nossa produção dobra, por causa das festas juninas e julinas. os campeões de venda são o canudinho e o pé de moleque. O ano inteiro vende muito, mas esses não têm época”, destaca Cássio.

Orgulho

Luiz Machado conta a tradição da produção de doces começou com os seus avós que moravam próximo à cidade de Ouro Preto. Nessa época, o pai José Machado vendia os doces na região. Aos 14 anos, José veio tentar a vida na capital, trabalhou em um armazém, abriu um bar no Centro de BH, trouxe os pais para a capital e eles abriram a fábrica na rua Padre Eustáquio, número 2607, onde funciona até hoje.

“O segredo é boa vontade e o carinho que nós tempos em fabricar, além da vontade de sempre melhorar o nosso produto”, diz Luiz.

Cássio e Luiz têm orgulho de terem formado cinco filhos graças ao trabalho na fábrica. Luiz conta, inclusive, que eles ajudam no atendimento, esporadicamente.

“Temos curso superior de Direito e largamos para poder tocar a fábrica e por amor pelo que nós fazemos. Aproveitamos a vida aqui na fábrica”, disse o doceiro, que completa . “Todos os nossos cinco filhos são formados em faculdade com tudo pago e tirado aqui de dentro da fábrica. Desde o berçário até a faculdade, tudo foi pago com o dinheiro da fábrica.

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A partir de R$ 1,50

A fábrica vende no atacado e no varejo, com doce a partir de R$ 1,50. Cliente antiga do comércio, a aposentada Maria Teresa, 67 anos, considera a maneira de preparo como diferencial.

“Não moro no bairro, mas passo sempre aqui para pegar. O que amo de paixão é o canudinho de doce de leite, que é perfeito e maravilhoso. Acho que o segredo está na coisa artesanal, que quando é feita com carinho e cuidado o sabor fica sem igual. Recomendo com certeza. Pode passar aqui, fazer um pacotinho e levar para a casa que vai ser agrado geral”, disse.

Serviço:

  • Fábrica de Doces Eustáquio
  • Endereço: rua Padre Eustáquio, 2607, BH
  • Telefone: (31) 3464-5769
  • Funcionamento: segunda a sexta - 8h às 17h/ Sábado - 8h às 13h

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Jornalista formado pela Newton Paiva. É repórter da rádio Itatiaia desde 2013, com atuação em todas editorias. Atualmente, está na editoria de cidades.