Devotos de Belo Horizonte celebram nesta terça-feira (30) o Dia de Padre Eustáquio. As comemorações começaram cedo e acontecem ao longo do dia em várias igrejas e paróquias da capital. Desde as primeiras horas da manhã fiéis lotam a igreja dos Sagrados Corações. Para o padre Vinícius Maciel, reitor do Santuário da Saúde e da Paz e pároco da Igreja de Padre Eustáquio, é momento de agradecer.
“Nós estamos muito agradecidos e muito felizes pelo público que nós tivemos na novena, foi um público recorde. Esperamos que a comunidade compareça e possa realizar a sua devoção ao nosso querido Beato Padre Eustáquio.”
As comemorações terminam com a procissão marcada para começar logo após a missa solene, às 19h, no Santuário Arquidiocesano da Saúde e da Paz que fica na Rua Padre Eustáquio, 2.405, no bairro Padre Eustáquio, em Belo Horizonte.
Quem foi Padre Eustáquio
Humberto van Lieshout, conhecido como o Venerável Padre Eustáquio, nasceu no dia 3 de novembro de 1890, em Aarle Rixtel, na Holanda. Passou o final da vida no bairro Celeste Império, celebrando Missas na capela Cristo Rei. Andava por toda a região atendendo pessoas e resumindo sua missão em duas palavras: “Saúde e paz”, numa atitude de fé e amor ao próximo.
Em 10 de dezembro de 1913, Padre Eustáquio iniciou o noviciado canônico, em Tremelo, na Bélgica. Fez votos temporários de pobreza, castidade e obediência como religioso da Congregação dos Sagrados Corações, no dia 27 de janeiro de 1915, tendo feito os votos perpétuos três anos mais tarde. Em 10 de agosto de 1919, após cursar filosofia e teologia em seminários da Congregação, foi ordenado sacerdote.
No dia 15 de julho de 1925, Padre Eustáquio e seus irmãos de Congregação chegaram em Romaria, no Triângulo Mineiro. Assumiram a pastoral do santuário episcopal e da paróquia de Nossa Senhora da Abadia de Água Suja e das paróquias de São Miguel de Nova Ponte e Santana de Indianópolis, todas na Arquidiocese de Uberaba. A Padre Eustáquio coube a função de vigário paroquial com prioridade de serviços de atendimento às comunidades da sede paroquial de Nova Ponte e de todas as capelas.]
Chegada a BH
No dia 12 de fevereiro de 1942, Padre Eustáquio regeu a paróquia de Ibiá, até ser transferido para Belo Horizonte em 7 de abril do mesmo ano. Chegou à capital mineira sem alarde, já que era nacionalmente venerado como santo e taumaturgo. A despeito da discrição, logo nos primeiros dias muitas pessoas o procuraram pedindo bênçãos e curas, na capela Cristo Rei, no bairro Celeste Império.
Como a capela Cristo Rei era muito distante do convento dos frades franciscanos, onde os padres dos Sagrados Corações se hospedavam, por praticidade, Padre Eustáquio alugou uma casa a apenas um quilômetro da capela.
Em 9 de setembro de 1942, o prefeito da capital, Juscelino Kubitscheck, que se considerava beneficiado por milagre, doou à paróquia um terreno onde foi construída a Igreja dos Sagrados Corações.
Nesse dia, após a cerimônia, Padre Eustáquio disse a alguns membros da Comissão Pró-Construção da Matriz: “Não verei o fim da guerra. Comecei a igreja, mas não a terminarei”.
Em agosto de 1943, em Belo Horizonte, Padre Eustáquio demonstrou aparência abatida e cansaço. Na manhã do dia 23, ainda febril e mais abatido, dirigiu-se à igreja, como fazia todos os dias, para rezar a missa. Ao final, dirigiu-se à sacristia, onde se sentou em um banco e desfaleceu. Os médicos o examinaram, mas não houve dúvida no diagnóstico: tifo exantemático, devido a uma picada de carrapato.
Padre Eustáquio permaneceu ali, rezando, embora dissesse que não sobreviveria. Recebeu o sacramento dos enfermos, mas chamava ansiosamente pelo amigo Padre Gil. Enquanto o aguardava, fez a renovação dos votos religiosos, pressentindo que a morte estava perto. No dia 30 de agosto, Padre Gil conseguiu chegar para ver o amigo. Vendo-o à porta, Padre Eustáquio, em esforço heroico, tentou erguer-se do leito. Com voz serena, disse-lhe: “Padre Gil, Graças a Deus!” e desfaleceu-se derradeiramente.
Beatificação
Após sua morte, foi atribuída a ele a cura de um câncer de um devoto, constatada clinicamente e comprovada cientificamente. Esse relato consta no processo para sua beatificação, iniciado em 1997. Outros casos de curas e milagres também são relatados por várias pessoas. Padre Eustáquio costumava dizer que sua vocação era “amar e fazer amar a Deus”. Em 15 de junho de 2006, o Cardeal José Saraiva Martins, Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, presidiu à solenidade de Beatificação do Padre Eustáquio . Ocorreu no estádio de Belo Horizonte (MG).