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‘Lipo de papada': clínica de BH é fechada e dentista pode continuar trabalhando

Mulheres denunciam infecção grave após procedimento estético; MPMG investiga 20 casos

Imagens mostram rosto de paciente após procedimento de lipo de papada; Polícia Civil também investiga o caso.

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) interditou a clínica odontológica, em Belo Horizonte, onde mulheres denunciaram terem feito um procedimento de lipoaspiração de papada e apresentado quadro de infecção bacteriana grave provocado por um possível processo de esterilização inadequado. Apesar disso, a dentista teve a inscrição da profissional reativada no início desta semana.

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) abriu um procedimento investigatório criminal para apurar os casos. Segundo o MP, cerca de 20 mulheres já denunciaram a profissional, relatando os mesmos problemas de saúde após o procedimento.

‘Estou abalada’

À Itatiaia, uma das vítimas contou a angústia desde a intervenção estética que deu errado. “Após quinze dias, comecei a inchar. Ela me disse para eu procurar um médico, procurar uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Fui ao hospital e fizeram drenagens do meu pescoço e tomei antibiótico. Repeti esse procedimento por quatro meses”, contou uma mulher, de 33 anos, que não será identificada.

Agora, ela está internada no hospital Eduardo de Menezes, no bairro Bonsucesso, no Barreiro. “Ontem, fiz uma cirurgia para limpar essa bactéria do meu pescoço. O exame a detectou como micobactérias não tuberculosas. Essa bactéria é de rápida produção”, disse.

Outra vítima contou que o procedimento foi feito sem qualquer pré-operatório. “Ela não pediu nenhum tipo de exame, apenas trocamos algumas mensagens via WhatsApp. Ela falou que não era necessário fazer nenhum tipo de consulta prévia”, contou.

No dia marcado, o procedimento não durou mais de 30 minutos. “Eu nunca havia feito nada tão invasivo. E a gente faz as coisas para melhorar e acaba com um problema enorme. Estou abalada”, disse.

Ela disse que teme as consequenciais da bactéria e que passará por uma cirurgia no início do próximo mês. “Já foi detectada que bactéria foi contraída por conta da má estetização dos material cirúrgico. A gente não sabe como essa bactéria reage no corpo. Os médicos falaram que ela pode deixar outras sequelas. Conversei com outras doze meninas (que fizeram o procedimento com a profissional)”, acrescentou.

O que diz o conselho de odontologia

O Conselho Regional de Odontologia de Minas Gerais (CRO) informou que, na última terça-feira (26), a inscrição da profissional foi reativada após ela apresentar ao conselho o diploma válido, cumprindo os requisitos necessários para os para exercer a odontologia de forma regular.

No último dia 5 de março, a inscrição havia sido suspensa em decorrência da falta de apresentação do diploma de conclusão do curso no prazo estabelecido de dois anos após a colação de grau. O CRO afirma ainda que continua acompanhando, junto vigilância sanitária, que apura possíveis falhas no processo de esterilização. Confira a nota completa

“O Conselho Regional de Odontologia de Minas Gerais (CRO-MG) salienta que acompanhou a interdição da clínica da mesma pela Vigilância Sanitária, tendo aberto processo de fiscalização na ocasião e expediu, no dia 20 de março de 2024, uma Portaria (nº 74/2024) de Interdição Ética do estabelecimento, proibindo que outros profissionais atuem nele.

A inscrição da profissional foi reativada no último dia 26 de março de 2024, após a mesma apresentar ao Conselho o diploma válido, cumprindo assim os requisitos necessários para exercer a odontologia de forma regular. É importante ressaltar que a inscrição da cirurgiã-dentista foi temporariamente suspensa a partir de 5 de março de 2024. Essa medida foi tomada em decorrência da falta de apresentação do diploma de conclusão do curso dentro do prazo estabelecido de dois anos após a colação de grau.

Esse requisito é essencial para a alteração da inscrição provisória em definitiva, conforme as normativas do CRO-MG. O CRO-MG reitera seu compromisso com a qualidade e a ética no exercício da odontologia, garantindo o cumprimento das normas e regulamentos que regem a profissão, em benefício da saúde bucal da população, e continuará acompanhando junto à vigilância sanitária o inquérito acerca de possíveis falhas no processo de esterilização.”

Conforme o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde, a clínica odontológica continua fechada após a interdição pela Vigilância Sanitária de BH e segue a investigação do possível surto de micobactéria não tuberculosa de crescimento rápido na clínica.

Polícia também investiga

A Polícia Civil informou, em nota, que está investigando o caso. A corporação está ouvindo vítimas e aguarda a finalização dos laudos dos exames de corpo de delito. A Polícia disse, também, que mantém contato com outros órgãos pra levantar provas.

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Cursou jornalismo no Unileste - Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais. Em 2009, começou a estagiar na Rádio Itatiaia do Vale do Aço, fazendo a cobertura de cidades. Em 2012 se mudou para a Itatiaia Belo Horizonte. Na rádio de Minas, faz parte do time de cobertura policial - sua grande paixão - e integra a equipe do programa ‘Observatório Feminino’.