“Numa pequena e média empresa o crescimento é muito mais rápido se a empresa tiver crescimento também. Então o olhar pra essas empresas é um olhar sem pré-conceito com uma visão de carreira multidisciplinar e com pertencimento gigante”. Esse recado aí é da professora da Fundação Getúlio Vargas e consultora de carreiras, Jaqueline Rezende. Ela aponta este cenário de oportunidades nas pequenas empresas, não só para contratação, mas para um crescimento profissional.
No último capítulo da série “Contrata-se: A força dos pequenos negócios na retomada emprego”, fomos atrás de respostas pra juntar essas pontas, com mais de 11 milhões de desempregados de um lado, e com setores da economia que voltaram a contratar e estão na caixa por mão de obra do outro. Cibele Martins tem 30 anos, trabalha como garçonete na hamburgueria artesanal que falamos em capítulos anteriores. A vaga foi conseguida este ano, pós-fase crítica da pandemia, e veio justamente após alguns “nãos” de grandes empresas.
“Comecei a procurar por empresas maiores mas eu não consegui, eu não tive retorno e aí eu comecei a procurar local. Foi aí que eu comecei aqui fazendo uma entrevista, na mesma semana fui chamada pra fazer um teste desde então estou aqui”, detalhou.
Cibele explica também que o contato direto com a dona da empresa faz muita diferença para que ela tenha conseguido a vaga.
“Essas empresas maiores fazem um processo seletivo, tem provas que às vezes não se sabe nem a função que você vai exercer, e numa empresa menor você já está direto com contato com o dono, você tem a oportunidade de mostrar o seu trabalho ali na prática e eu acho que a oportunidade é maior”, completou.
O bom e velho currículo continua tendo um papel chave nesse processo de procura por um emprego, e pra ter sucesso, a construtora de carreira ,Jaqueline Rezende, relata que descrever as capacidades de se adaptar vale ainda mais pontos no caso das pequenas empresas.
“Pra fortalecer o currículo, coloque essa competência de adaptabilidade. Independente do tamanho da empresa, tente o conhecimento, pesquisar, analisar, tudo isso é muito importante. Coloque indicações, referências e se disponha a estar em contato com essa empresa sempre que possível ali online, presencialmente”, explica.
A psicóloga especialista em carreiras e recolocação profissional, Luana Torres, destaca que o currículo deve o mais atual possível, e muito importante, falando exatamente a verdade sobre você e suas habilidades.
"É um profissional ter um currículo que de fato descreva como ele realmente é. Esse é um dos pontos principais, porque o currículo é o primeiro material que a empresa recebe do candidato. Além disso, é muito importante o profissional sempre apresente um currículo de forma atualizada. Então, por exemplo, se ele concluir um curso, se ele está começando um curso, ele deve colocar essa informação no currículo, ele deve colocar o período, o ano, a instituição”, conta.
Por outro lado, para o caso daqueles que não têm experiência, as especialistas garantem que não há “jogo perdido”. Luana Torres explica que a entrevista pode ter um peso enorme entre ouvir um sim ou um não.
“Para o profissional sem experiência ser contratado, é importante que ele faça cursos ou trabalhe como freelancer, que são ótimas opções pra quem está começando a ingressar no mercado de trabalho. Um outro ponto que é importante é o candidato também entender, estudar sobre o negócio da empresa, para na hora da entrevista poder se atentar aos aspectos comportamentais. Saber se comunicar, saber se comportar. Quanto mais o candidato se preparar e se mostrar, se vender nesse aspecto comportamental, maior a possibilidade dele de conseguir esse emprego.
E a Jaqueline Rezende não tem dúvida: a falta de experiência pode ser compensada com estudo, treino e atitude. “A grande questão hoje é que as pessoas tem preguiça de estudar. Vivem uma era que todo mundo agora é influencer, que todo mundo ganha dinheiro fácil, isso não é real. Então você pode ter pouca experiência, mas você pode falar que viu vídeos na internet sobre o tema, cursos, trabalhos. Existe uma coisa chamada atitude, que faz muita diferença. Então é preciso um pouco mais de atitude, boa vontade, estudo, treino”.
E aí, ganhou um gás nessa luta por uma vaga no mercado de trabalho? São mais de 11milhões de desempregados no país e tem várias pequenas empresas retomando aos poucos os seus rumos - e claro, recontratando.
É buscar conhecimento, ficar de olho e abrir o leque. Afinal, a vaga que você tanto precisa, pode estar bem mais perto do que imagina.