O homem, de 25 anos, preso acusado morte da menina Ana Luiza Silva Gomes, de apenas 12 anos, no bairro Bela Vitória, região Nordeste de Belo Horizonte, disse que foi ameaçado e agredido no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) Gameleira, na região Oeste da capital. A declaração foi dada durante a audiência de custódia que ocorreu na manhã desta quinta-feira (18) e converteu a prisão em flagrante em preventiva.
“Oficie-se a Promotoria de Direitos Humanos da Capital, tendo em vista que o autuado relatou em audiência de custódia ter sofrido agressão por outros presos dentro do Ceresp Gameleira e que ais agressões teriam sido permitidas pelos policiais penais”, diz o documento. Sendo assim, a juíza pediu que o suspeito seja encaminhado para a realização de um exame de corpo de delito.
Prisão preventiva
No documento, a juíza ainda destaca a gravidade do ocorrido e a inconsistência do depoimento do suspeito. “O autuado leva para dentro de sua casa uma menina de doze anos, que sequer conhecia, dizendo pretender ajudá-la, porém, o que consta dos autos é que posteriormente, (...) a vítima veio a sair da casa do autuado, contudo, carregada pelo mesmo e, simplesmente, colocada no passeio de residência do autuado, ao que tudo indica, já sem vida”, disse.
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Ela ainda destaca que, segundo o relato do médico do Samu, a vítima estava morta antes da chegada do socorro, contrariando a versão do suspeito. “Tem-se, mais, que após largá-la no chão do passeio em frente à sua casa, o autuado retornou para o interior de sua residência”, afirmou.
A magistrada também contrapõe a versão do suspeito com as provas encontradas na casa. “A averiguação da perícia no local constatou a presença de resquícios de papeleto e pino de cocaína — e não loló, conforme dito pelo flagranteado, além de um preservativo usado”, destacou.
Outro ponto mencionado pela magistrada é o fato de o homem responder a ações penais por tráfico de drogas e estupro de vulnerável. Em uma das ações, de tráfico de drogas, a juíza cita que a prisão em flagrante foi convertida e preventiva, e que o suspeito foi liberado em 12 de dezembro de 2023, quando foram impostas medidas cautelares. “Tudo isso corrobora a necessidade de conversão da prisão em flagrante em preventiva, para garantia da ordem pública”, finalizou.
Em nota, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) afirmou que o suspeito do crime não esteve detido no Ceresp Gameleira e que não há nenhum registro de qualquer situação violenta envolvendo esse preso no Presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, onde ele está detido.
O que aconteceu
- Câmeras de segurança mostram que nessa terça (16), por volta de 10h13, a menina entrou em uma casa na rua Marrocos Filho junto com um homem;
- Três horas depois, a câmera flagra o mesmo homem, com uma roupa diferente, olhando o movimento da rua. Em seguida, ele é flagrado deixando o corpo da menina no passeio da casa;
- O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e o óbito constatado no local;
- O suspeito foi encontrado e contou à polícia que estava no campo de futebol do bairro Nazaré e que encontrou com Ana Luiza. Segundo ele, a menina estava inalando loló. Ele disse que ela pediu água, pois estava passando mal, e que ele a convidou para ir até a sua casa;
- Em determinado momento, na versão dele, ela ficou com falta de ar. Ele relata que foi para fora da casa com ela e que foi ele que acionou o socorro;
- Contudo, o Samu relatou aos policiais que foi possível verificar, durante o atendimento médico, que a vítima já apresentava rigidez cadavérica;
- Nessa quarta (17), A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou que efetivou a prisão em flagrante do suspeito. Ele foi ouvido e autuado, a princípio, pelo crime de homicídio qualificado;
- O corpo da adolescente foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para ser submetido ao exame de necropsia;
- A menina foi sepultada, nessa quarta (17), no Cemitério da Saudade, na região Leste de BH;
- As investigações prosseguem a cargo do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Segundo a PC, nenhuma linha investigativa é descartada.
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