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Tradicional colégio de BH muda regimento para restringir celular em aulas e no recreio

Conforme comunicado pelo Santo Agostinho enviado aos pais, mudança vale para estudantes até o 7° ano; reportagem teve acesso à alteração no regimento

Colégio Santo Agostinho está entre os mais tradicionais de Belo Horizonte

O colégio Santo Agostinho, um do mais tradicionais de Belo Horizonte, mudou o regimento escolar de 2024 para, entre outros pontos, acabar com uso do celular para atividades pedagógicas até o 7° ano. A escola também vai incentivar atividades alternativas durante o recreio. O comunicado informando sobre as mudanças foi enviado aos pais ao fim do período letivo de 2023.

Conforme a mensagem, a mudança considera a preocupação dos pais com o uso excessivo de aparelhos celulares pelos estudantes. “Comungamos dessa mesma preocupação e ficamos satisfeitos em saber que teremos o apoio das famílias para promover um ambiente mais saudável e equilibrado”, diz trecho do comunicado, a que a Itatiaia teve acesso.

A íntegra do novo regimento será divulgada no ano que vem, mas o comunicado adiantou alguns pontos:

• ‘Não solicitaremos celulares para atividades pedagógicas até o 7° ano. Isso significa que o celular não é um objeto necessário na rotina escolar, podendo as famílias dispensar o envio;

• Reforçaremos a oferta de brincadeiras entre as crianças, oferecendo opções de interação durante o recreio;

• Orientação digital: muitos pais disponibilizam o celular para os filhos para a comunicação ao final do turno escolar. Isso é possível, contudo, existem aplicativos que restringem o tempo de uso e conteúdos e isso cabe a cada responsável.

O comunicado ainda destaca ser fundamental a união de educadores e pais na “promoção de um uso equilibrado e consciente da tecnologia’.

Resposta do Santo Agostinho

A Itatiaia entrou em contato com a assessoria do colégio para saber mais detalhes das mudanças, mas ainda não teve resposta. O espaço continua aberto.

Aprovada

Pais ouvidos pela Itatiaia aprovam a medida. "É uma iniciativa maravilhosa tomada pelo colégio, afinal de contas o celular, além de atrapalhar e distrair os alunos na sala de aula, tem tirado os prazeres das brincadeiras no recreio, como jogar bola, e de interação entre os colegas”, disse um pai que preferiu não se identificar.

Outro responsável foi na mesma linha: “Atitude excepcional do colégio, essa de aderir a esse movimento de celular zero até uma idade na qual eles consideram ser importante”, avaliou, que também pediu anonimato.

Alerta

Estudo recente divulgado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) uso excessivo de telas piora saúde mental de diferentes gerações, com risco de levar à diminuição do Quociente de Inteligência (QI) antes do previsto. Isso ocorre por conta da falta de incentivo a atividades que necessitam de pensamento rápido e outras habilidades que contribuem para o funcionamento ativo do cérebro.

Os resultados, divulgados em novembro, estão em uma tese defendida pela Renata Santos no Programa de Pós-graduação em Medicina Molecular da Faculdade de Medicina da UFMG.

O estudo foi feito por revisão sistemática, isto é, análise de estudos primários sobre o assunto, totalizando 142 artigos e mais de dois milhões de pessoas de diferentes países acompanhadas. Considerando apenas os estudos que avaliaram crianças, 72% deles constataram um aumento da depressão associado ao uso excessivo de telas nesse grupo.

Algumas alternativas são a determinação do tempo de tela de acordo com a idade e a busca por dispositivos que propiciem mais possibilidades de socialização. Além disso, o incentivo à prática de atividades físicas ao ar livre é essencial para combater o uso excessivo de aparelhos. “O estudo indica que a dependência pode diminuir em 10% caso o smartphone esteja a um metro do usuário, contribuindo para a carga cognitiva, fator responsável pelo raciocínio”, disse Renata Santos à UFMG.

Jornalista formado pela Newton Paiva. É repórter da rádio Itatiaia desde 2013, com atuação em todas editorias. Atualmente, está na editoria de cidades.