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Caso Backer: sócia diz que não tinha contato com a fabricação da cerveja

Ana Paula Lebbos afirmou que era diretora de marketing e comunicou à população sobre os riscos da Belorizontina assim que a empresa foi alertada

Cerveja provocou a morte de, pelo menos, 10 pessoas

A sócia-proprietária e diretora de marketing da Backer, Ana Paula Lebbos, foi a primeira dos 10 réus a prestar depoimento nesta terça-feira (28), primeiro dos três dias em que pessoas relacionadas com a empresa serão interrogadas pela Justiça em Belo Horizonte.

Ana Paula foi interrogada por pouco mais de 30 minutos. A ré afirmou que não tinha contato com o parque industrial nem com a produção da cerveja, atuando somente na direção de marketing dos produtos fabricados pela cervejaria. Os detalhes foram divulgados pela assessoria do Fórum Lafayette.

Ana Paula também disse em interrogatório que o setor de comunicação da empresa alertou à população para não consumir a cerveja Belorizontina assim que o Ministério da Agricultura apontou a possível comunicação da cerveja.

Sócios são interrogados

Na sequência, foi a vez de Munir Franco Kalil Lebbos, sobrinho de Ana Paula. Munir afirmou ser responsável pelos cinco restaurantes da família (Contagem, Confins em BH), um deles é o Templo Cervejeiro, instalado no mesmo terreno do escritório e da cervejaria Backer. Apesar disso, Munir afirmou que os espaços eram independentes e que não frequentava a fábrica.

Hayan Franco Khalil, irmão de Munir, afirmou ter sido antecipado com a separação dos pais e, com isso, assumiu parte da empresa junto com o irmão. Entretanto, alegou que ainda estudava na época dos fatos e não tinha função nas empresas, “apenas comparecia na cervejaria quando o pai solicitava que ele assinasse algum documento.

Veja a linha do tempo do Caso Backer
  • Janeiro de 2020: Investigações do caso Backer têm início na 4ª Delegacia de Polícia Civil do Barreiro, após a circulação de mensagens em redes sociais sobre a internação, em hospitais da capital, de pessoas que teriam consumido a Belorizontina;

  • Junho de 2020: A Polícia Civil concluiu o inquérito sobre o caso da Cervejaria Backer. Segundo a investigação, ficou comprovada a contaminação na fábrica e de lotes de cervejas da marca, com substâncias tóxicas que podem levar a óbito;

  • Outubro de 2020: a Justiça recebeu a denúncia feita pelo Ministério Público contra 11 pessoas. Entre eles estão os sócios-proprietários da cervejaria;

  • Abril de 2022: a Backer voltar a produzir cerveja no próprio parque industrial;

  • Maio de 2022: A Cervejaria Backer foi multada em R$ 5.099.193 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por ter ampliado e remodelado a área de instalação industrial registrada, sem devida comunicação ao Mapa;

  • Maio de 2022: o Departamento de Proteção e de Defesa do Consumidor, órgão vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, multou a Cervejaria Três Lobos, responsável pela Backer, em R$ 11.983.436,74;

  • Maio de 2022: foram ouvidas as testemunhas de acusação;

  • Março de 2023: começou a nova fase de depoimentos do caso Backer. Entre os ouvidos, estavam: especialista que acompanhou desenvolvimento da cervejaria e testemunhas de defesa;

  • Março de 2023: Ministério Público denunciou sócios, mas não os donos da cervejaria.

  • Julho de 2023: Backer e Ministério Público chegam em acordo sobre indenização às vítimas

Jornalista formado pela UFMG, com passagens pela Rádio UFMG Educativa, R7/Record e Portal Inset/Banco Inter. Colecionador de discos de vinil, apaixonado por livros e muito curioso.