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Por que os peixes estão morrendo na Lagoa da Pampulha? Entenda fenômeno

Quase mil animais mortos foram retirados de um dos cartões postais de Belo Horizonte entre domingo (12) e quarta-feira (15)

Quase mil peixes mortos foram removidos da Lagoa da Pampulha na última semana, conforme informações da Gestão de Águas Urbanas da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura de Belo Horizonte. O fenômeno tem causado incômodo aos frequentadores de um dos cartões postais da cidade e pode ser relacionado à onda de calor que atinge a cidade e grande parte do Brasil.

Segundo a professora Fernanda Raggi, a morte dos peixes da Lagoa da Pampulha é causada por dois fatores principais: o calor e o esgoto irregular. “A gente tem algumas espécies nativas, alguns peixes, que não aguentam temperaturas na água maiores que 35° e a temperatura tem variado entre 33° e 39°", explicou durante participação no Rádio Vivo da Itatiaia.

“Quando esses peixes vêm para a superfície buscar oxigênio e alimento, não conseguem regular a temperatura como a gente regula. São animais de sangue-frio, então não conseguem. Eles vão para a superfície, esquentam e morrem na hora”, detalhou sobre um dos fatores que explicam o alto nível de peixes mortos no local, acontecimento definido pela Prefeitura de BH como “atípico”.

Além do calor, o esgoto irregular jogado na lagoa também é um problema para os animais. Conforme explicado por Raggi, peixes são bioacumuladores, ou seja, eles armazenam substâncias no corpo, incluindo substâncias tóxicas. Quando o esgoto está concentrado - o que é o caso, considerando que as altas temperaturas fizeram com que o nível da água abaixasse - os materiais não conseguem ser filtrados pelas guelras dos peixes, o que também leva a morte dos animais.

O acúmulo de substâncias é também o motivo pelo qual não se deve consumir peixes nativos da Lagoa da Pampulha, independente do preparo. “Esses peixes estão ali submetidos a substâncias que vem do esgoto. Tem comida, urina, fezes, mas são redes irregulares, então também deve ter sabonete, xampu, óleo... Os peixes vão sobreviver até um certo ponto, porque têm as características deles. Quando entra no nosso corpo, as substâncias vão entrar junto, mesmo se fritar”, informou.

Maria Clara Lacerda é jornalista formada pela PUC Minas e apaixonada por contar histórias. Na Rádio de Minas desde 2021, é repórter de entretenimento, com foco em cultura pop e gastronomia.


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