O processo relativo ao
Segundo a advogada, especialista em direito criminal, Carla Silene, a decisão de dividir o processo pode ter acontecido para acelerar o julgamento. Isso porque o motociclista que ajudou o motorista de aplicativo a retirá-la do carro, voltando do evento, está fora de Minas Gerais. A informação foi divulgada pelo G1 e confirmada pela reportagem da Itatiaia na manhã desta quinta-feira (26).
“Ser desmembrado significa que eles foram separados, no sentido de que serão processos diferentes para os réus. A mudança de endereço não é necessariamente o motivo, a menos que a justiça não tenha conseguido localizar o motociclista para ser citado. Para não ficar demorando, a justiça desmembra para evitar que [os réus] que estão comparecendo, por exemplo, fiquem aguardando”, explica a criminalista.
Ministério Público denunciou motociclista por omissão de socorro
O crime ocorreu em 30 de julho. O caso ganhou repercussão, quando foram divulgadas imagens de câmeras de segurança que mostravam o suspeito carregando a jovem desacordada e a levando até um campo de futebol, do qual ele saiu três horas depois, sozinho.
Minutos antes, a jovem havia sido deixada desacordada na calçada de casa por um motorista de aplicativo. As câmeras flagraram o momento em que um motociclista que estava passando pelo local ajuda o motorista de app a tirar a jovem do carro. Ao concluir o inquérito, em julho, a Polícia Civil descartou a responsabilidade criminal do motociclista. Entretanto, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) teve um entendimento diferente.
A promotora disse que ele “igualmente deixou de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima, a qual se encontrava em desamparo e em grave e iminente perigo.” Sendo assim, ele foi denunciado por omissão de socorro. O amigo que colocou a vítima no carro de aplicativo, após um show de pagode, no Mineirão, também foi denunciado.
Até esta manhã, conforme a assessoria do MPMG, o órgão não teve informação sobre manifestação do Poder Judiciário em relação à denúncia.
Audiência de Instrução
Nessa quarta-feira (25),
O motorista de aplicativo e o suspeito de estuprar a jovem ainda não foram ouvidos. A expectativa é que as outivas aconteçam no fim do processo. Apesar do motorista não ter sido ouvido, o advogado dele, Túlio Viana, esteve presente na sessão.
Motorista de app: estupro ou omissão de socorro
Em entrevista à Itatiaia,
Túlio Viana atribui a denúncia à repercussão do caso na mídia. “Temos aí uma repercussão midiática em torno do caso, mas [a denúncia por estupro] é uma novidade que foi criada para esse caso. É uma situação que existiria outras possibilidades de crimes menos graves, mas quiseram denunciar por estupro, porque cria um fato até político, um fato jurídico novo e que tem muito mais repercussão”, opinou.
Para o advogado, o crime de estupro por omissão existe, mas não pode ser aplicado nesse caso. “Existe no caso de, por exemplo, uma mãe que vê o pai estuprando a filha e não faz nada. Ela está presente, assistindo a violência e se omite. Isso sim é um estupro por omissão. Mas um estupro por omissão de alguém que nem estava presente no momento do estupro não existe”, afirmou.
Relembre o caso
A jovem de 22 anos foi estuprada após voltar de um show de pagode no Mineirão, no dia 30 de julho, e ser deixada na calçada pelo motorista de aplicativo que atendeu a corrida. Imagens de câmeras de segurança mostram o motorista de app tocando no apartamento mais de uma vez. Sem resposta, ele e um motociclista que passava pela rua deixaram a jovem na calçada. Pouco tempo depois, um homem passa e leva a vítima nas costas até um campo onde ela foi estuprada por cerca de 3 horas. O
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG)
Relembre a linha do tempo do crime
2h46: a vítima embarca no carro de aplicativo, desacompanhada, em direção à sua residência. O trajeto da corrida foi compartilhado com o irmão da vítima jovem;
3h: o veículo de transporte por aplicativo estaciona em frente à casa da vítima. O condutor desce do carro e tenta usar o interfone do prédio. Aparentemente, ele tenta realizar ligações;
3h10: o motorista chama um indivíduo que passava pela rua, os dois retiram a vítima desmaiada do banco de trás e a deitam na calçada. Depois disso, o motorista tenta chamar alguém pelo interfone;
3h17: o motorista deixa a jovem sozinha e segue caminho;
3h22: um homem de estatura mediana, trajando bermuda jeans clara, blusa escura se aproxima da vítima;
3h24: ele coloca a mulher em seu ombro, carregando-a sentido à rua Garças, seguindo para o campo de futebol Grêmio Mineiro;
7h07: o suspeito deixa o local sozinho.
*com informações de Amanda Antunes, Fernanda Rodrigues e Célio Ribeiro