A Região Metropolitana de Belo Horizonte está sob risco moderado de inundações e deslizamentos de terra, segundo um relatório divulgado, nesta segunda-feira (2), pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Apesar do aviso, especialistas explicam que o auge do período chuvoso será entre dezembro e janeiro, momento em que as fortes pancadas de chuva, causadas pelo El Niño, poderão causar estragos e colocar a população em risco.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), nesta terça (3), pode chover entre 20 e 30 mm por hora na capital mineira. A cidade está sob alerta de tempestade, com perigo potencial. “As chuvas são típicas dessa época do ano. A combinação do calor e da alta umidade pode provocar pancadas de chuva isoladas na Grande BH”, esclarece o meteorologista Ruibran dos Reis.
O Cemaden alerta para o risco moderado de alagamentos urbanos e inundações bruscas em rios e córregos de cidades na Grande BH e no Vale do Rio Doce. Isso acontece devido a “previsão de pancadas de chuvas de intensidade moderada a forte”. As regiões também têm possibilidade de deslizamentos de terra pontuais, “devido aos acumulados de chuva já registrados nas últimas 36 horas e a previsão de chuva na forma de pancadas”.
De acordo com especialista, apesar do alerta do Cemaden, a tendência é que BH permaneça segura em outubro. “Por enquanto não tem risco geológico que coloque em risco a população. Isso vai acontecer mais pra frente, a partir de novembro, e piorar em dezembro e janeiro, quando vamos ter mais chuvas”, diz Reis.
O professor de geografia Lucas Oliveira também comenta que não há previsão de chuvas tão fortes este mês. “Agora em outubro esse risco é relativamente baixo. O Cemaden emitiu esse alerta porque há possibilidade de pancadas de chuva na terça. Então, pode ser que em algumas cidades chova mais, mas não é nada que coloque em risco a população. O que pode acontecer é a queda de taludes na beira das estradas ou locais em que o solo está muito exposto”, afirma.
Dezembro e janeiro serão os meses mais perigosos
Oliveira ainda alerta para o aumento do risco no fim do ano. “Esse alerta do Cemaden é o primeiro aviso da estação chuvosa. Com a perspectiva de chuvas mais extremas, esse risco vai aumentar. Será mais comum a ocorrência de enchentes nas cidades, por exemplo”, pontua.
Segundo o professor, este ano o verão, que começa em 22 de dezembro, será marcado por calor e pancadas de chuva fortes. “Esse ano, o El Niño vai trazer chuvas mais intensas. A tendência em anos de El Niño é que ocorram chuvas mais fortes em um curto período de tempo, em forma de pancada”, afirma.
É essa característica do fenômeno climático que coloca Belo Horizonte sob risco de alagamento. “Os riscos de inundações mais para frente são altíssimos. Essas pancadas de chuva fortes favorecem os alagamentos” explica o meteorologista Ruibran dos Reis.
Chuvas causaram prejuízos de mais de R$ 28 bilhões em 20 anos no Sudeste
Em 15 de setembro, o Cemaden divulgou uma nota técnica sobre os impactos e riscos de desastres naturais, intensificados pelo El Niño, entre setembro de 2023 e fevereiro de 2024. O documento informa que são esperadas inundações bruscas e enxurradas, especialmente em cidades de grande porte nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
O relatório ainda traz uma previsão dos prejuízos causados pelas chuvas nas cidades do Sudeste do país, nas últimas duas décadas. De acordo com o Banco de Dados do Atlas Digital de Desastres no Brasil, a região Sudeste registrou mais de 2,8 mil ocorrências de desastres, afetando aproximadamente 600 mil pessoas por ano. Os prejuízos decorrentes dos impactos das chuvas são estimados em mais de R$ 26 bilhões.
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A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH)
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