A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) abriu nesta terça-feira (26) um inquérito para investigar denúncias de abusos sexuais sofridos por alunos de um colégio particular de Montes Claros, no Norte de Minas. São ao menos cinco vítimas que tem entre 3 e 4 anos. Os pais estão sendo ouvidos nesta tarde na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) e cobram providências.
Os crimes teriam sido praticados dentro do Colégio Batista Nova Canaã onde as crianças estudam. O caso veio à tona após uma das mães notar uma mudança no comportamentos de dois de seus filhos. Segundo o boletim de ocorrência registrado pelos familiares, as crianças disseram que um estagiário do colégio, de 25 anos, havia beijado elas na boca e passado a mão em seus órgãos genitais. Após o relato, a mãe procurou a direção da escola e solicitou providências, incluindo a retirada do suspeito do colégio, que foi realocado para outro setor na secretaria.
Outros pais então começaram a perceber a mudança no comportamento de seus filhos, que disseram que foram beijados e molestados pelo mesmo suspeito, que é estudante de pedagogia. Nessa segunda-feira (25), os pais participaram de uma reunião geral com representantes da escola. Aos gritos e inconformados com a situação um dos pais cobrou providências. A Polícia Militar foi acionada buscas foram feitas, mas o acusado não foi encontrado.
Representados por um advogados familiares das vítimas emitiram nota manifestando indignação pelos crimes, também, segundo eles pela postura omissa da escola desde o primeiro momento em que tomou conhecimento do primeiro caso, pois a criança voltou a relatar dias depois que o suspeito continuava trabalhando na escola em uma sala ao lado daquela em que as crianças estudavam.
A defesa informou também que o colégio não cumpriu a sua obrigação legal de comunicar imediatamente ao Conselho Tutelar a suspeita de crime praticado contra crianças, previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente, bem como não fez qualquer comunicação da suspeitas às autoridades competentes para investigar o caso e que também não ofereceu apoio psicológico e jurídico às crianças e aos seus pais.
Os próprios pais é quem acionaram a Polícia Militar, o Conselho Tutelar e o Conselho Municipal de Defesa das Crianças e Adolescentes. Alguns deles relatam também que funcionários do colégio tentaram barrar a sua entrada e ainda ameaçaram acionar a PM caso eles insistissem em entrar no recinto, o que gerou grande revolta de dezenas de pais presentes na reunião.
Procurado pela Itatiaia o Colégio Batista Nova Canaã informou que a direção não se pronunciaria sobre o assunto, mas no final da manhã publicou um comunicado nas redes sociais onde afirma que medidas cabíveis e necessárias foram adotadas e que está colaborando com as autoridades competentes para a elucidação dos fatos.
Procurada pela Itatiaia a Unopar, universidade onde o acusado estuda, informou que está obtendo informações sobre o caso e que se manifestará em seguida.
A Itatiaia ainda não conseguiu o contato com o acusado nem com a defesa dele. Os pais dos alunos preferiam não conceder a entrevista para preservar os filhos.
Confira nota dos pais dos alunos do colégio
“Os pais e mães dos alunos vítimas de abusos ocorridos no Colégio Batista Nova Canaã manifestam a sua indignação pelos crimes cometidos contra as crianças, de 3 e 4 anos de idade, bem como pela postura omissa da escola desde o primeiro momento em que tomou conhecimento do primeiro caso.
No dia 06/09/2023 a primeira criança relatou situação de abuso aos seus pais, tendo os mesmos imediatamente comunicado o caso ao Colégio Batista Nova Canaã, que se comprometeu a tomar providências para afastar o suspeito do convívio das crianças. No entanto, a criança voltou a relatar, dias depois, que o suspeito continuava trabalhando na escola, em uma sala ao lado daquela em que as crianças estudavam.
Indignados, os pais manifestaram novamente a sua indignação à escola e compartilharam o fato com outros pais de alunos da turma, oportunidade em que outras três crianças relataram ter sofrido abusos por parte do suspeito. O Colégio Batista Nova Canaã não cumpriu a sua obrigação legal de comunicar imediatamente ao Conselho Tutelar a suspeita de crime praticado contra crianças, previsto no art. 70-B do Estatuto da Criança e do Adolescente, bem como não fez qualquer comunicação das suspeitas às autoridades competentes para investigar o caso.
Em nenhum momento o Colégio Batista Nova Canaã ofereceu apoio psicológico e jurídico às crianças e aos seus pais, buscando tão somente evitar que o caso se tornasse público e gerasse algum tipo de prejuízo à imagem da instituição de ensino. Além disso, o Colégio Batista Nova Canaã manteve o suspeito trabalhando na unidade de ensino, no mesmo horário em que as crianças vítimas estudavam, até que referida pessoa concluísse o estágio curricular que realizava na instituição.
No dia 25/09/2023, os pais das vítimas já identificadas se reuniram e acionaram a Polícia Militar, o Conselho Tutelar e o Conselho Municipal de Defesa das Crianças e Adolescentes, para noticiar às autoridades os crimes praticados contra seus filhos, providência esta que, por força de lei, a escola deveria ter tomado desde o dia 06/09/2023. Na mesma data, o Colégio Batista Nova Canaã convocou reunião geral com os pais de todas as turmas, excluindo da mesma apenas a turma das crianças que já haviam relatado casos de abusos ocorridos, para tratar dos fatos, sem a presença dos pais e mães das vítimas.
Estes pais tomaram ciência da realização da reunião e dirigiram-se à escola, oportunidade em que funcionários do Colégio Batista Nova Canaã tentaram barrar a entrada dos mesmos e ainda ameaçaram acionar a Polícia Militar, casos os mesmos insistissem em entrar no recinto, o que gerou grande revolta de dezenas de pais presentes na reunião.
Os pais e mães dos alunos estão concentrados em prestar toda a assistência familiar e psicológica que as crianças necessitam no momento e todas as providências cabíveis estão sendo tomadas para responsabilização de cada pessoa envolvida, na medida da sua culpa.
Os pais e mães dos alunos manifestam, por fim, confiar no trabalho das autoridades policiais e judiciais que conduzirão as investigações, para que crimes tão cruéis e absurdos contra crianças não continuem acontecendo em ambientes nos quais as crianças deveriam ser protegidas.”
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