‘Não aguentou o tranco da noite’, teria dito ex-prefeito acusado de matar médica mineira em hotel do ES

O pai da vítima acusa o genro de ter tratado toda a situação com frieza e ter comunicado a morte de Juliana Pimenta Ruas El Aouar como ‘uma coisa chata’

Ex-prefeito de cidade mineira é preso suspeito de matar esposa médica no Espírito Santo

O ex-prefeito da cidade de Catuji, no Vale do Mucuri, Fuvio Luziano Serafim, de 44 anos, teria feito uma piada com a morte a médica mineira Juliana Pimenta Ruas El Aouar, de 39, ser encontrada em Colatina, no Espírito Santo. A informação foi compartilhada com a Itatiaia pelo pai da vítima, o médico-cirurgião e ex-prefeito de Teófilo Otoni, Samir Sagi El-Aouar.

O suspeito teria feito uma ligação para o cunhado, de apenas 17 anos, e dito que ela “não aguentou o tranco da noite”. O pai ainda acusa o genro, também, de ter tratado toda a situação com frieza e ter comunicado a morte de Juliana como “uma coisa chata”.

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“Ele não arrancou uma lagrima. Matou, estraçalhou e achou bacana. Acabou com minha vida, minha filha querida, com a vida da minha mulher. Não acreditei, minha filha era amorosa, bonita, linda, pequenininha, tinha 50 kg e arrebentou ela toda e ainda queria fugir do hotel com ela. No telefone com meu filho, ele disse ‘essa dai não aguentou o tranco da noite’”.

Comportamento agressivo

Segundo o pai de Juliana, Samir Sagi El-Aouar, o marido da filha sempre teve um comportamento agressivo. A mulher, inclusive, aparecia frequentemente com hematomas, cortes, e uma vez surgiu com sete costelas quebradas.

A Itatiaia tentou contato com a defesa do ex-prefeito Fuvio Luziano Serafim, mas sem sucesso. Esse espaço se mantêm aberto para posicionamento.

Em 2022, o pai da vítima fez um boletim de ocorrência contra o genro, alegando que ele fornecia medicamentos, como ketamina e dimof injetável (um timo de morfina), à filha, chegando a gastar cerca de R$28 mil em remédios para uso doméstico.

Samir contou que Fuvio começou a ficar cada vez mais estranho após o casamento com Juliana. O médico conta que a filha aparecia com olho roxo e boca machucada, mas que nunca falava que o marido estava batendo nela.

Em abril deste ano, ela precisou passar por uma sutura com um cirurgião plástico, após aparecer com um corte profundo de 7 centímetros na testa. Fuvio alegou que ela tinha caído.

“Recentemente, ela vinha se machucando e melhorando. Há uma semana ela me ligou pedindo para eu buscá-la na casa dele, que ela não aguentava mais. Trouxemos ela para nossa casa, ela chorou, disse que não queria mais morar com ele, que queria separação”, relata Samir.

O dia da morte

Pouco depois de Juliana ir para a casa do pai, Fuvio foi atrás dela. Segundo Samir, o homem chegou a ameaçar a esposa e ela decidiu viajar com ele para resolver a situação.

“Ela foi la para resolver e ficou com ele. Ela disse que estava tudo bem, que ele decidiu levá-la a Colatina para ela tratar de uma dor com um médico de lá. Quando foi a tarde [de sexta-feira (1º)] ela saiu do almoço, tomou um sorvete, conversou comigo pelo telefone e falou que ia dormir, que estava bem”, relembra o médico.

No outro dia, por volta das 10h, Fuvio ligou para Samir para falar que a morte de Juliana:

“Ele me liga e disse que ‘aconteceu uma coisa chata, a juliana está em óbito’. Eu desesperei, chamei o SAMU e fiquei sabendo, depois, que ele não chamou o SAMU. Ele chamou o motorista para limpar o chão, tem a câmera mostrando o motorista indo no quarto, tem ele [Fuvio] andando no corredor, sendo que ele disse que tinha dormido e não visto nada”.

O pai da vítima contou à reportagem da Itatiaia que o genro teria tentando fugir com o corpo de Juliana. Segundo Samir, Fuvio foi até a recepção do hotel e tentou fechar a conta, alegando que a esposa tinha desmaiado e eles iriam embora. A recepcionista, entretanto, insistiu em chamar uma ambulância.

“O SAMU constatou que ela estava morta, e aí chegou a polícia e prendeu ele. O chão estava cheio de material de limpeza, que o motorista tinha levado para limpar o quarto. Minha filha teve duas fraturas de cranio, quebrou os dois lados da cabeça dela, rasgou o estômago, asfixiou ela, as pernas com hematoma, picada de agulha, olhos machucados. Se o hotel não chama o SAMU e a polícia, ele teria fugido. E o motorista cheio de droga no carro”.

A Itatiaia tentou contato com a defesa do ex-prefeito Fuvio Luziano Serafim, mas sem sucesso. Esse espaço se mantêm aberto para posicionamento.

Formou-se em jornalismo pela PUC Minas e trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre principalmente Cidades, Brasil e Mundo.

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