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‘Missão do MP de Minas é que bombeiros nunca mais tenham de nadar em mar de lama’, diz promotor

No segundo episódio do podcast ‘Meu Ambiente’, chefe da promotoria ambiental do MP, comandante-geral do Corpo de Bombeiros e deputado federal refletem sobre táticas de prevenção a tragédias

Patrícia Diou, Pedro Aihara, Erlon Dias e Carlos Eduardo Ferreira Pinto no podcast ‘Meu Ambiente’

Para o promotor de Justiça Carlos Eduardo Ferreira Pinto, coordenador do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente (Caoma), ligado ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), as barragens de rejeitos instaladas no estado são “bombas-relógio”. Ao lado do comandante-geral do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais (CBMMG), coronel Erlon Dias do Nascimento Botelho, no segundo episódio do podcast Meu Ambiente, feito em parceria entre o MP de Minas e a Itatiaia, Ferreira afirmou que os promotores têm trabalhado para prevenir tragédias como as vistas em Brumadinho (2015) e Mariana (2019).

“Espero que a atuação do Ministério Público possa, ainda mais, se somar à atuação do Corpo de Bombeiros na missão de salvar vidas. Em nosso estado, vivemos com um passivo de mineração. As barragens de rejeitos, consideramos bomba-relógio. A missão do Ministério Público é que nossos militares do Corpo de Bombeiros nunca mais tenham de nadar em um mar de lama. (A missão é) atuar preventivamente para que eles não tenham de mostrar sua bravura, colocando a vida em risco, tendo de nadar em um mar de lama”, disse o promotor, em trecho do programa, ancorado pela apresentadora Patrícia Diou, da Itatiaia.

A íntegra do episódio 2 do Meu Ambiente foi disponibilizada nesta quinta-feira (24) no canal do MPMG no YouTube. Além do chefe do Caoma e do comandante-geral dos Bombeiros, o deputado federal Pedro Aihara (Patriota-MG) também participou do bate-papo. Ex-porta-voz da corporação, ele recordou os desafios vividos pelos colegas nos rompimentos da barragem de Fundão e do Córrego do Feijão.

A tragédia de Brumadinho deixou 270 mortos e dois nascituros. Em Mariana, mais de três anos depois, foram 19 óbitos. Como porta-voz da corporação, Aihara tinha a função de, por vezes, conversar com familiares para comunicar a morte de um ente.

“A lei natural da vida são os filhos enterrarem os pais. Quando você tem uma mãe ou um pai enterrando um filho, e tinha gente muito nova, grávida, com futuros maravilhosos pela frente… Isso me marcou muito”, contou, ao lembrar do trabalho em Brumadinho. “Mães e pais, pela sua natureza, têm esperança sempre infinita. Por mais que, às vezes, tenha três meses ou 20 dias de desaparecimento, sempre existe aquela esperança”, completou.

Ainda há militares dos Bombeiros de Minas atuando na área do rompimento da barragem de Brumadinho. Eles seguem em buscas de fragmentos dos corpos dos três desaparecidos que ainda não foram encontrados. Ao falar da operação no local, o coronel Erlon Dias lembrou da forma como as vítimas das tragédias são chamadas por seus familiares e amigos: “joias”.

“Quatro anos depois, um segmento (de corpo), é motivo de orgulho da operação”, garantiu.

Prevenção é chave

O promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto e o comandante-geral dos Bombeiros de Minas concordaram a respeito da necessidade de ampliar as táticas de prevenção de acidentes ambientais. “Espero que nenhuma instituição tenha de passar por novas tragédias como essa. Reparar e compensar essas tragédias é muito mais caro e demorado do que prevenir”, salientou o chefe do Caoma.

Para Erlon Dias, a tecnologia pode ser essencial no monitoramento das estruturas ambientais de Minas Gerais.

“Precisamos avançar muito no monitoramento, no acompanhamento tecnológico e em estruturas melhores para fazer o combate e a prevenção. Mais de 90% dos incêndios em vegetação são provocados pelo ser humano. A gente tem esse gargalo de identificar e fazer uma prevenção adequada. Temos muita qualidade para fazer o combate, mas a prevenção ainda é um ponto de reflexão que temos de melhorar bastante”, exemplificou.

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