O Memorial construído em Brumadinho, na região Metropolitana de Belo Horizonte, em homenagem às vítimas do rompimento da barragem do Córrego do Feijão da Vale, ficará sob gerência dos familiares de vítimas e atingidos.
O compromisso foi assinado com a Vale nesta sexta-feira (4), e coloca fim num impasse entre a mineradora e a Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão Brumadinho (Avabrum), sobre o funcionamento do memorial, que teve a inauguração adiada em janeiro deste ano devido à disputa. O memorial foi idealizado em 2019, a fim de homenagear as 272 pessoas que morreram com o rompimento da barragem, além de abrigar os seus segmentos corpóreos e o que mais era recolhido durante as buscas. As obras começam em 2021.
“A gente sempre entendeu que a Avabrum iria tomar a posse do espaço e ali fazer o relato do crime a partir da nossa visão. A história é nossa, o Memorial vai trazer a história dos nossos. Se a história é nossa, a memória nos pertence. Mas percebemos que a Vale começou a fazer uma ingerência no local, agindo como se ela fosse governar aquele espaço e fazer um tributo aos funcionários que ela matou. Foi quando nós informamos para Vale que não era isso que a gente queria”, afirmou Kenya Paiva Lamounier, integrante do conselho fiscal da Avabrum.
O Termo de Compromisso, mediado pelo Ministério Público de Minas Gerais, irá assegurar aos familiares das vítimas o direito de governança do monumento por meio de uma fundação a ser criada. A mineradora ficará responsável apenas pelo financiamento do espaço. Conforme o Ministério Público, a Vale deve efetuar o depósito de mais de R$ 157 milhões na conta da Fundação, em cinco parcelas anuais.
Além disso, até 2027 a mineradora deve realizar depósitos complementares em valores que variam de R$5 milhões a R$12 milhões, até que a fundação gere rendimentos suficientes para arcar os custeios do Memorial.