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Vídeo: rodovia com crateras em duas curvas ameaça motoristas no Jequitinhonha

Trecho da MG-114, entre Virgem da Lapa e Coronel Murta, apresenta problemas causados pela chuva; BR-367, que vai até a Bahia, também é marcada por buracos

Cratera ocupa um sentido da MG-114, próximo a Virgem da Lapa

Motoristas que passam pela cidade de Virgem da Lapa, no Vale do Jequitinhonha, enfrentam vários riscos em uma rodovia de menos de 50 km de extensão. Além das curvas perigosas, a MG-114 conta com pontos de afundamento e duas crateras que ocupam uma pista inteira da rodovia, em pontos diferentes e justamente em curvas.

A reportagem da Itatiaia esteve na região e fez imagens das duas grandes crateras, presentes entre os kms 36 e 42 da MG-114, que liga o município de Virgem da Lapa até o trevo de Coronel Murta. O trecho conta com sinalização do Departamento de Estradas de Rodagem (DER). Veja as imagens:

O empresário Alaído Viana, que é dono de um hotel e trabalhou durante décadas com transporte de passageiros, conta que a rodovia está nesta situação há pelo menos dois anos.

“Essas crateras se abriram após uma chuva muito forte que teve por aqui. O asfalto foi embora e as manilhas junto, dá até pra ver no barranco. Como está na curva, é muito perigoso.”

Rodovia federal com problemas

A reportagem da Itatiaia também encontrou problemas na BR-367, no trecho entre Virgem da Lapa e Itinga. Apesar de uma parte da rodovia ter sido recentemente pavimentada, um longo trecho entre Araçuaí e Taquaral (Itinga) é marcado pela presença de crateras e falta de sinalização, como pintura fraca ou inexistente e ausência de placas com a quilometragem da via.

Motoristas que passam pelo local afirmam que o asfaltamento da rodovia foi inaugurado em 2018, mas ficou danificado rapidamente. A situação da rodovia na sua sequência, até o estado da Bahia, também não agrada os motoristas. Um dos condutores contou à reportagem que chega a gastar três horas para ir de Itaobim até Virgem da Lapa, trajeto com pouco mais de 100 km.

Especialista comenta

O especialista Frederico Rodrigues, doutor em engenharia de transportes, analisou as imagens da BR-367 e da MG-114. Para ele, as pistas apresentam sinais de que não tiveram um acompanhamento de terraplenos, processo em que é feita uma verificação anual para avaliação da via e identificação de problemas.

No caso da MG-114, ele afirma que as equipes poderiam ter encontrado sinais de que a erosão viria a acontecer.

“Um morro (terrapleno) apresenta sinais de que vai romper. Então é possível prever e intervir nesses locais. A ruptura levou parte da rodovia, algo que é, de certa forma, inconcebível, porque a rodovia fica operando em meia pista, aumenta o risco de sinistros, reduz a capacidade da pista e até aumenta os custos de manutenção. Intervir nessa rodovia é muito mais caro do que intervir preventivamente.”

Posicionamento

Em nota, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), responsável pela MG-114, informou que o projeto de engenharia para a recuperação dos pontos citados já foi concluído e o órgão realiza o levantamento de custos para publicar a licitação. O DER-MG ressaltou que o trecho está devidamente sinalizado e é monitorado pelo departamento.

Já o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), responsável pela BR-367, informou que a rodovia está passando por obras, recebendo capas de Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ) e serviços de remendos profundos. Segundo a pasta, a obra está dentro do cronograma previsto.

Jornalista formado pela UFMG, com passagens pela Rádio UFMG Educativa, R7/Record e Portal Inset/Banco Inter. Colecionador de discos de vinil, apaixonado por livros e muito curioso.