Como contribuir para a preservação ambiental se uma fração mínima do lixo é reciclada nas grandes cidades? O Dia do Meio Ambiente, em 5 de junho, foi criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) para ajudar na conscientização das pessoas.
Em Belo Horizonte, por exemplo, apenas 1,85% do lixo reciclável foi coletado pela prefeitura em 2022. Ou seja, o município recolheu 6,3 mil toneladas das 340 mil disponíveis pela cidade.
Em 2023, de janeiro a abril, a média se manteve. Somente 2% do lixo com potencial para ser reciclado foi coletado pela PBH. Foram retirados das ruas 2,3 mil toneladas, frente a 115 mil no total. Os dados são de um levantamento da publicado no Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos de Belo Horizonte.
A coleta seletiva na capital mineira acontece de duas formas: ponto a ponto (o morador separa o lixo o descarta em um dos 75 pontos espalhados pela cidade) ou porta a porta (um caminhão de lixo recolhe os recicláveis nas ruas de 88 dos 487 bairros de BH, ou em 18% dos bairros da capital).
Para aumentar a coleta é preciso ampliar a estrutura
A reciclagem é uma importante ferramenta de preservar o meio ambiente. Através de atitudes simples, como separar o lixo orgânico dos materiais recicláveis, é possível contribuir para a redução de resíduos descartados. Mas, além da conscientização da população, para que a coleta seletiva aconteça é preciso uma estrutura para que os materiais sejam reciclados.
De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte, o programa de coleta seletiva da cidade providencia para as associações e cooperativas de catadores os galpões para a triagem de recicláveis e paga despesas como aluguel. Atualmente, o município tem seis entidades beneficiadas pelo programa, credenciadas pela SLU.
Mas, segundo Neli de Souza Medeiros, conselheira administrativa da Cooperativa Solidária dos Recicladores e Grupos Produtivos do Barreiro e Região (Coopersoli), para que a quantidade de lixo reciclado aumente, é preciso ainda mais investimento. “A prefeitura ajuda bastante a associação, mas a gente sabe que precisa ampliar a coleta. Mas, não adianta aumentar, sem mexer na estrutura. Hoje a gente não consegue receber mais material. É preciso investir em mais caminhões, ampliar os galpões, contratar mais funcionários e melhorar o maquinário”, explica.
Para que os materiais sejam reciclados, eles passam por um processo cuidadoso de triagem e armazenamento. De acordo com Neli, a associação recebe os resíduos, separa o que pode ou não ser reciclado e os armazena. Assim que atingem uma certa quantidade, esse material é reunido e prensado em fardos. Estes blocos são vendidos para indústrias e empresas recicladoras.
Além de contribuir para a preservação do meio ambiente, a reciclagem é uma fonte de renda e emprego. “Para dar conta do processo, hoje temos 48 funcionários na associação e 12 catadores parceiros”, conta a conselheira.
“Médicos do Meio Ambiente”
Neli conta que o trabalho das associações e catadores passou a ser mais reconhecido pela população nos últimos anos. “Eu costumo dizer que nós da associação os catadores somos ‘médicos do meio ambiente’. A gente trata ele. E as pessoas agradecem, elas veem a diferença que a gente faz para a cidade”, conta.
De acordo com Neli, para que a reciclagem aumente, também é preciso que a população abrace a causa. “Ainda tem muita gente que não separa o lixo, até mesmo por preguiça. É muito simples, basta separar o lixo seco, do molhado. São duas latas em casa ao invés de uma. Não dá trabalho”, explica.
Ela relata que como muita gente deixa de separar, resíduos orgânicos vão parar dentro dos galpões de reciclagem. “O pessoal coloca comida, papel higiênico junto com os materiais recicláveis. Aí temos que separar aqui”, finaliza.
Produção de lixo no Brasil
De acordo com o último Panorama dos Resíduos Sólidos do Brasil, realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), foram produzidas 81,8 milhões de toneladas de lixo no país em 2022. O equivalente a 224 mil toneladas diárias. Segundo os cálculos, cada brasileiro produziu, em média, 1 kg de lixo por dia.