Ouvindo...

Gasolina em BH: saiba por que o preço do combustível subiu acima do reajuste do ICMS

Adoção do ICMS único representaria alta de R$ 0,24 no preço em Minas, mas alguns postos da capital subiram até R$ 0,40 no valor da gasolina; entenda os motivos

Alguns postos de BH tiveram reajuste acima do previsto

Quem abasteceu o carro nesta quinta-feira (1º) acabou encontrando o preço da gasolina mais alto do que nos últimos dias. O reajuste era previsto, já que, com a adoção do ICMS único em todo o Brasil, a cobrança do imposto nos combustíveis subiria R$ 0,24 em Minas Gerais. O problema é que muitos postos da capital mineira amanheceram com a gasolina sendo vendida bem acima do esperado.

A reportagem da Itatiaia percorreu as ruas da capital mineira e flagrou a gasolina custando R$ 0,40 centavos a mais do que nos dias anteriores. O valor representa uma diferença de 66% sobre os R$ 0,24 previstos com a mudança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em Minas.

Por que o preço da gasolina subiu?

A dinâmica de mercado é a resposta apontada por Paulo Casaca, economista da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas). Segundo o especialista, a concorrência pode ajudar a explicar o motivo de postos da mesma cidade aplicarem reajustes tão diferentes sobre a gasolina.

“Cada posto vai reajustar conforme a sua necessidade. Onde tiver maior concorrência, a alta no preço vai ser menor. Mas onde a concorrência foi menor ou o mesmo empresário possuir vários postos, há a possibilidade de se cobrar mais caro. A estrutura de preço de cada posto também influencia a formação do valor final.”

Paulo também falou sobre um fenômeno muito notado pelos motoristas: as altas nos preços acontecem mais rapidamente do que as reduções. Segundo o especialista, esse é um movimento muito comum na economia.

“É uma força natural de mercado. Quando o preço sobe o reajuste é bem mais rápido. De fato esse movimento é assimétrico e existem estudos que comprovam isso. Teoricamente, poderia se esperar o fim do estoque para o reajuste no preço, mas nem sempre isso acontece.”

Em maio, a economista e professora de MBA da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Carla Beni, explicou à Itatiaia que a mudança nos preços também depende da cadeia de distribuição, que envolve transporte, distribuição e revenda.

“O Governo Federal não fixa o preço final dos combustíveis, não há um controle sobre isso. O preço final envolve impostos, mistura de biocombustível e lucro. O anúncio tem um peso político e reforça a agenda positiva da Petrobras nesse novo governo, mas o alívio para o consumidor final depende de muitas coisas.”

Mudanças no ICMS e na gasolina

Começou a valer em todo o Brasil, nesta quinta-feira (1º), a cobrança do ICMS único sobre os combustíveis. O valor, que antes era definido por cada estado, agora passa a ser padronizado: R$ 1,22. Em Minas Gerais, o ICMS único representa um aumento de R$ 0,24 sobre o valor do imposto cobrado anteriormente. Entenda essa mudança.

Em nota, o Minaspetro, sindicato que representa donos de postos, “salienta que cada empresário tem a liberdade de formar seu preço, levando em conta seus estoques, custos operacionais e contratos comerciais com as distribuidoras. O que pode ser observado no mercado, inclusive, é que alguns revendedores têm optado por não repassar imediatamente o novo aumento, possivelmente, por ainda estarem com estoques antigos ou mesmo cortando na própria margem, o que evidencia a forte concorrência no setor varejista”, diz a nota.

"É importante que imprensa e sociedade entendam que a formação de preços é algo complexo, que demanda o entendimento de que o valor do combustível na bomba não depende do posto, que é o último elo de vários na cadeia do mercado, como frete, distribuidores e importadores. Os donos de postos de combustíveis são responsáveis pela menor parte do preço final na bomba e têm mantido seus níveis de margem média estáveis e, em algumas regiões mais competitivas, até mesmo as reduzido nos últimos anos com todas as variações de preços do mercado”, encerra.

Jornalista formado pela UFMG, com passagens pela Rádio UFMG Educativa, R7/Record e Portal Inset/Banco Inter. Colecionador de discos de vinil, apaixonado por livros e muito curioso.