Pacientes internados no Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, denunciam condições precárias na urgência ortopédica da unidade. Eles reclamam da falta de médicos e enfermeiros. Os pacientes também alegam que ficam sem banho e que muitos não recebem medicação e refeições na frequência correta, o que faz com que muitos sintam fome durante a internação.
O pintor Rogério Rodrigues, de 35 anos, é um dos pacientes nestas condições. Ele deu entrada no hospital no último sábado (27) e espera há quatro dias por uma cirurgia no calcanhar. “Eles não falam quando vou conseguir operar. Estou sentindo muita dor. Os enfermeiros passam aqui uma vez ou outra e só", conta.
Rogério também acompanha a situação dos companheiros de quarto. “Tá todo mundo aqui quebrado, sem banho, com dor. Depois das 11 da noite não tem mais médico, enfermeiro, ninguém para atender a gente. Temos que ficar com dor a madrugada toda, até o outro dia de manhã", reclama.
Segundo o pintor, há pacientes que aguardam há mais de 10 dias por uma cirurgia, sem previsão de agendamento. “Isso é um absurdo, uma falta de humanidade. Estamos vivendo cenas de filme de terror aqui dentro”, desabafa.
Além da falta de profissionais e de medicação adequada, os pacientes reclamam do horário das refeições. De acordo com eles, há 12 pessoas internadas na ala e o café da manhã só chega às 10h — até lá, eles reclamam que ficam com fome.
Espera
De acordo com outro paciente internado na unidade, o autônomo Waldir Coleta, de 56 anos, enfermeiros do Hospital João XXIII se mobilizam para uma paralisação. “A gente ouviu falar que eles vão parar para alterar a escala de plantões. Mas nosso medo é o atendimento ficar ainda mais precário”, destaca.
O autônomo está internado desde a última sexta-feira (26) e aguarda por uma cirurgia no fêmur. Ele reclama que está imobilizado e em macas desconfortáveis à espera da marcação do procedimento. “Eles não falam nada, não dão uma posição. Não sei quando conseguirei a cirurgia. Estou aqui há cinco dias, mas tem gente há mais de 10. Ninguém aguenta mais esperar”.
Outro lado
Em resposta à Itatiaia, a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) afirmou que os pacientes têm recebido alimentação normalmente e negou as denúncias sobre irregularidade na administração de medicamentos e sobre falta de banhos — confira a nota na íntegra a seguir.
“A Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) informa que o referido paciente seguirá internado no Hospital João XXIII até a realização de cirurgia, já programada para ocorrer em outra unidade hospitalar. Todos os pacientes da enfermaria estão recebendo normalmente a alimentação prescrita. Sobre as denúncias de superlotação, o hospital tem acionado sistematicamente o Plano de Capacidade Plena, para evitar o sobrecarregamento da unidade. As informações sobre a irregularidade na administração de medicamentos e nos banhos não procedem. Ainda não temos informações sobre uma possível paralisação.”