O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
A intenção de baratear os veículos foi declarada publicamente pelo presidente Lula no início deste mês e, desde então, o governo e o setor de automotivos vêm discutindo o tema. Mas como será que isso chegará no consumidor? A medida resolve o problema? Como as montadoras recebem o anúncio? Para responder essas perguntas, a Itatiaia conversou com o analista do setor automotivo Emílio Camanzi.
“Se hoje o carro mais barato custa R$ 68 mil e estamos falando de uma redução de 10%, isso significa que o preço cai para R$ 63 mil. Toda redução é muito bem-vinda, mas temos um detalhe: o vice-presidente falou que, até o ano passado, 70% das vendas eram feitas com financiamento e só 30% eram à vista. Este ano, a situação inverteu. Ou seja, o acesso ao dinheiro é que está difícil”, disse.
Financiamento e juros
Por isso, o especialista defende novos mecanismos para facilitar o acesso a partir de financiamento e redução da taxa de juros. “Aí, sim, você consegue fazer com que uma grande das pessoas pudessem ter acesso ao carro zero quilômetro”, avaliou.
Ele destaca que, no passado, apesar da inflação, a população podia comprar automóveis, pois os juros estavam mais baixos. “Hoje, se você for financiar um carro novo, você precisara pagar a prestação e pagar juros absurdos. E o que as pessoas fazem? Elas preferem adquirir um carro seminovo”, acrescentou.
Emílio também destacou a falta de carros populares no mercado. “Para as montadoras terem lucros com carros populares, elas têm que ter uma produção muito grande porque a margem de lucro é pequena. Por isso, que o carro popular está ‘sumindo’ no Brasil e no mundo inteiro. Os insumos, os chips, o transporte… Tudo aumentou e o preço do carro também”, finalizou.