O clima na comunidade escolar de Belo Horizonte é tenso. Mesmo sem nenhuma ameaça confirmada na capital mineira, diretores escolares relataram à Itatiaia que pais, responsáveis e profissionais têm convivido com o medo e a insegurança nos últimos dias.
A Escola Estadual Alzira Albuquerque Mosqueira, que fica no bairro Salgado Filho, na região Oeste de BH, tem tido uma frequência menor de alunos nos últimos dias. Quem nos confirma isso é a diretora Luiza Gomide Vieira. Segundo ela, a Polícia Militar tem patrulhado a escola frequentemente, principalmente nos horários de entrada e saída dos alunos. Mesmo assim, muitos pais têm receio de levar os filhos à escola.
“Nós estamos acompanhando mais de perto o trajeto dos alunos, estamos tranquilizando pais e responsáveis, mas mesmo assim há o medo. Receio todo mundo tem, mas nenhum problema maior por isso. Nosso trabalho é mais com os pais do que os alunos.”
Professores da escola têm conversado com os alunos recorrentemente. Além disso, profissionais do Proerd (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência) estiveram recentemente na unidade e deram uma palestra para os estudantes. A diretora afirma que a escola conta com circuito interno de segurança e concertina, mas as cercas precisam de reparo.
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Quem também notou queda no número de estudantes foi a diretora da Escola Estadual Mário Casassanta, Arlete Avelar de Oliveira. Ela conta que a frequência de crianças na unidade, que atende até o 5º do fundamental, caiu cerca de 50% nos últimos dias. A falta de pessoas na equipe impede um monitoramento maior no colégio.
“Temos acompanhado de perto a entrada e saída de alunos, mas infelizmente somos só eu e mais um funcionário. Uma mãe chegou a me perguntar se eu garantia 100% de segurança para o seu filho e isso é algo que eu não posso garantir. Seria muito bom ter policiamento frequente na entrada e saída dos alunos.”
A diretora conta que a escola está passando por reformas e deve instalar o circuito de câmeras de segurança em breve. Segundo ela, a contratação de um segurança depende da liberação de verbas, que não estão disponíveis no momento.
Já Imaculada Braga, diretora da Umei Silva Lobo, afirma que há um clima de insegurança entre pais e profissionais, mas a comunidade tem confiado nas autoridades para afastar qualquer risco. Ela conta que a Guarda Municipal tem estado presente durante vários momentos do dia e que a escola segue protocolos de segurança, como o controle de entrada e saída de pessoas.
Particulares criam protocolo
O Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinepe/MG) decidiu criar um comitê de segurança nas escolas para orientar os colégios. O coordenador do grupo, professor Fernando Barros, conta que a primeira medida do comitê foi fazer contato com autoridades para criar canais de comunicação mais efetivos. O próximo passo é a divulgação de uma cartilha de orientações, que está sendo enviada para as unidades.
“As escolas particulares do estado já estão bem preparadas, mas essa cartilha vem para reforçar práticas antigas, como o controle de entrada e saída, a atenção a alunos que apresentem comportamentos diferentes e o diálogo com pais e responsáveis.”
A direção do Colégio Magnum, que fica na região Nordeste da capital, decidiu concentrar a entrada de alunos de anos específicos em algumas das portarias da unidade e fechar uma das entradas temporariamente. A saída dos estudantes não foi alterada.
Já o Colégio Marista Dom Silvério emitiu uma nota ressaltando a “experiência tensa e desafiadora” enfrentada pela sociedade e destacando as medidas de segurança que já são adotadas pela unidade. Segundo o comunicado, a entrada pela Rua Lavras e na rampa do estacionamento do colégio só será autorizada após a liberação de um funcionário da escola.
Fernando Barros, coordenador do comitê de segurança das escolas particulares, afirma que os diretores não notaram queda na frequência escolar e que os pais, em sua maioria, confiam nas instituições de segurança. O professor confessa que o momento é tenso, mas defende “uma união entre sociedade, famílias, escolas e órgãos públicos para vencer este desafio”.
Zema anuncia medidas
O governador Romeu Zema (Novo) anunciou