O Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais inaugurou na última sexta-feira (17) o seu Banco de Leite Humano. O hospital, desde 1992, já possuia um Posto de Coleta de Leite Humano, mas o projeto do banco surgiu apenas em 2013 e, com doações da Fiocruz, Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais e privadas, saiu do papel.
Agora, Belo Horizonte conta com três bancos de leite, além de mais três postos de coleta.
Banco de Leite do Hospital Sofia Feldman
Banco de Leite da Maternidade Odete Valadares
Banco de Leite do Hospital das Clínicas
Posto de coleta do Hospital Odilon Behrens
Posto de coleta do Hospital Júlia Kubitschek
Posto de coleta PAM Saudade
Para que serve o banco de leite?
Em geral, os bancos de leite servem para disponibilizar leite materno saudável para bebês que estejam internados, que possuam baixo peso ou que, por qualquer outro motivo, não possam ser alimentados pela mãe. Dados do Ministério da Saúde mostram que aproximadamente 330 mil bebês nascem prematuramente todos os anos no Brasil e necessitam da doação de leite.
O banco, entretanto, possui também outras funções, como criar um grupo de apoio para mães que estejam amamentando. Thaís Afonso é empresária no ramo de aleitamento materno e já doou leite, e conta que os bancos de leite e pontos de coleta servem como um local de apoio para todas as pessoas que amamentam, com consultas e orientações. Quem possui dificuldade de amamentar, por exemplo, pode procurar um banco de leite e será atendida.
“O principal objetivo do banco de leite é a coleta, processamento e distribuição de leite humano para bebês recém-nascidos de baixo peso, que estejam em UTI e que não podem ser alimentados pelas próprias mães. Para que esse leite seja seguro ele passa por uma triagem adequada. Como consequência, o banco de leite também serve como um local de apoio a pessoas que amamentam, que serve para passar por consultas para resolver eventuais intercorrências e dar orientações com relação ao aleitamento materno”, conta Thaís.
Quem pode doar leite?
Qualquer mulher que amamenta é uma possível doadora de leite. Para ser considerada, é preciso passar por uma triagem que consta em uma consulta médica e um exame de sangue que comprovem que a mulher é saudável. Além disso, as mães não podem estar tomando medicamentos que interfiram na amamentação.
Thaís esclarece que é um mito que apenas mulheres que produzem leite em excesso podem doar. Ela explica que o peito se adapta à demanda e, por isso, qualquer mulher que produza leite é uma potencial doadora, mesmo aquelas que produzem pouco leite.
“O peito sempre vai responder à demanda. Quanto mais precisar de leite, quanto mais retirar o leite do peito, mais ele vai produzir. Então, muitas vezes a doação de leite pode vir como uma alternativa até mesmo para as mães que precisam aumentar a sua produção de leite. Não é necessário ter medo de doar, nunca vai faltar leite para o próprio bebê, sempre vai ter leite suficiente para todos os bebês que precisam mamar, inclusive para o próprio filho”.
Experiência gratificante
Thaís conta ainda que doar leite foi uma experiência gratificante que, hoje, ela divide com a filha de três anos.
“Eu doei leite materno durante um ano e meio, foi um período maravilhoso na na nossas vidas. Essa é uma história que eu conto para minha filha, que a gente dividiu o leite materno com muitos bebês e a gente ajudou a salvar a vida de vários bebês que estavam internados na UTI do Hospital Sofia Feldman e dos demais hospitais que o banco de leite possa ter distribuído. A experiência foi incrível, sensação de ser útil no mundo, ser útil para a humanidade, estar fazendo algo muito além de apenas existir, estou contribuindo para a existência de outros seres”.
O processo, conforme o relato da Thaís, foi rápido e simples, e ainda a ajudou com um problema de hiperlactação no peito direito.
“Uma semana depois da minha filha nascer eu já estava em contato com o banco de leite do Sofia Feldman, as enfermeiras já vieram até minha casa, fizeram a entrevista, colheram o meu sangue para poder fazer a triagem e já começaram esse processo de recolhimento do leite, então foi super simples. Eu tive uma hiperlactação em apenas um seio, então a doação de leite veio como um um resolução para este problema, porque eu precisava esvaziar esse seio e eu não tinha o que fazer com ele”.