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Mulher procurada por abandonar crianças em BH fez filha e neta trabalharem em troca de comida

O caso ocorreu bairro Vale do Sol em 2012. O local é o mesmo onde uma criança de 4 anos morreu com suspeita de maus-tratos

Caso envolvendo a família de Goiás tem novos desdobramentos, mas suspeita continua desaparecida

A mulher suspeita de ter envolvimento com caso de maus-tratos e abandono de duas crianças tem registro por obrigar uma filha e uma neta a realizar trabalhos domésticos em troca de comida. A denúncia está em um boletim de ocorrência registrado em novembro de 2012.

O caso ocorreu no bairro Vale do Sol, em São Joaquim de Bicas, na Grande BH, no mesmo endereço onde morreu, em janeiro de 2023, o menino de 4 anos, irmão das crianças de 6 e 9 anos abandonadas na Lagoinha. A mulher, que se considerava avó adotiva das crianças, é procurada pela Polícia Civil. O filho dela e a mãe das crianças estão presos suspeitos de ser responsáveis pela morte da criança.

Conforme o registro policial, as crianças eram obrigadas a trabalhar em troca de comida e sofriam agressões.

Leia mais sobre o caso

“Tiveram que realizar os trabalhos domésticos da residência para poder se alimentarem, tais como limpeza, buscar lenha, cozinhar. Segundo as vítimas, elas foram agredidas, apresentando lesões por diversas regiões do corpo, e tiveram suas roupas queimadas”, diz trecho do boletim de ocorrência registrado há 11 anos. Ainda conforme o BO, a situação durou sete meses.

Entenda

O caso envolvendo a família ainda é cercado de mistério. A mãe das vítimas está presa desde 6 de fevereiro pela morte do filho. A reportagem da Itatiaia apurou que o namorado dela também foi preso no dia seguinte por suspeita de participação no crime e, no último dia 17, teve o pedido de revogação da prisão preventiva negado pela Justiça.

‘Estupro’

Nesta segunda-feira (27), matéria especial do repórter Renato Rios Neto mostrou que mãe das crianças pode te sido dopada e estuprada pelo suposto namorado.

“Ela não fazia comida. A comida era servida por ele. Toda vez que ela comia, segundo as palavras dela, ela ficava grogue. Nisso, às vezes, ela acordava em outro ambiente que não era aquele no qual havia adormecido. Algumas vezes, ela acordou com ele em cima dela”, disse o advogado da mãe, Gregório Andrade.

“O relacionamento é de sexo forçado, ou seja, estupro. Ela contou que era sistematicamente violentada”, acrescentou.

Suposto emprego

A mãe e o homem teriam se conhecido depois que a mãe dele ofereceu emprego à família que veio de Goiás.

“Chegando em Belo Horizonte, a família teria sido abordada por essa mulher, que gostava de ser chamada de “vó”, de “serafina” e “velha”. Essa família era composta pelo pai, mãe e quatro filhos menores. Kátia estava esperando uma criança. Eles vieram procurar trabalho. Ela ofereceu trabalho em sítio”, relatou o advogado. De acordo com fontes ligadas a Itatiaia, ela teria aliciado a família em um esquema de exploração que remete a trabalho escravo. A exploração sexual não é descartada.

Já o companheiro da mãe, pai das crianças, está desaparecido. Há suspeita de que ele teria morrido de Covid-19.

A Itatiaia não conseguiu contato com a defesa dos acusados. O espaço está aberto para manifestação.

Enzo Menezes é chefe de reportagem do portal da Itatiaia desde 2022. Mestrando em Comunicação Social na UFMG, fez pós-graduação na Escola do Legislativo da ALMG e jornalismo na Fumec. Foi produtor e coordenador de produção da Record e repórter do R7 e de O Tempo
Jornalista formado pela Newton Paiva. É repórter da rádio Itatiaia desde 2013, com atuação em todas editorias. Atualmente, está na editoria de cidades.